Houve um crescimento no registro de casos dos crimes de homicídio, estupro, ameaça e lesão corporal dolosa praticados contra mulheres no estado do Rio de Janeiro no ano de 2011. É o que revela o Dossiê Mulher de 2012, publicação anual do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), divulgado nesta terça-feira (14).
Ainda de acordo com dados da publicação, há crimes que têm sido praticados em sua grande maioria contra mulheres. É o caso de estupro (82,6%), ameaça (66,8%) e lesão corporal dolosa (64,5%). As maiores incidências dos delitos analisados no dossiê ocorreram na Baixada Fluminense e na Zona Oeste da capital. Levando-se em consideração a distribuição dos homicídios de mulheres segundo as áreas, a Área Integrada de Segurança Pública (AISP) 20 desponta com o maior número de casos: 25. A região engloba os municípios de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, todos na Baixada Fluminense.
Apesar da Zona Oeste despontar no ranking de casos de violência contra mulheres, curiosamente engloba a AISP 27 (Santa Cruz), única onde não há Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). No ano passado, a região registrou 1785 casos de lesão corporal e 12 casos de homicídio. Comparando as 41 Áreas Integradas de Segurança Pública que existem no estado, a AISP 27 ficou em 9º lugar no ranking de taxa de homicídios. Já quando o assunto é lesão corporal, a região figura em 12º lugar. Ou seja, entre a primeira metade das regiões com maior incidência criminal.
Questionada pela equipe de reportagem do Jornal do Brasil sobre o fato daquela ser a única área sem Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, a analista criminal major PM Claudia Soares, uma das responsáveis pela elaboração do estudo, preferiu não falar sobre políticas públicas. "Esta não é a minha seara", desconversou. " Não posso falar sobre a ausência de uma DEAM em Santa Cruz, apesar da quantidade de registros de crimes contra mulheres naquela região. Há sim grande incidência de crimes contra mulheres por ali", confirmou a analista.
A existência de delegacias especializadas no atendimento de violência contra a mulher, segundo a major, aumenta o número de registros. Isso porque, segundo ela, as mulheres passaram a notificar mais os casos quando há presença de atendimento especializado.
Responsável pela localização e instalação das delegacias especializadas, a Polícia Civil foi procurada, mas não respondeu sobre a ausência de uma DEAM na Área Integrada de Segurança Pública 27 (Santa Cruz).
Companheiros são principais autores
O que chama a atenção no Dossiê da Mulher deste ano é que, nos casos de ameaça, 49,4% dos autores eram o companheiro ou ex-companheiro da vítima. Do total restante pesquisado, 10,7% sofreram ameaças de pessoas próximas (pais, padrastos e parentes), 12,5% foram ameaçadas por pessoas conhecidas (amigos, colegas de trabalho, vizinhos, etc.) e apenas 15,0% não tinham qualquer relação com o acusado.
Os dados revelam que mais da metade das ameaças foi praticada por pessoas que tinham ou tiveram relações amorosas com as vítimas ou eram seus parentes – somando 60,1%.