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Dia do Trabalho: "O povo está cego. Não há motivo para festas", diz bombeiro

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O sargento do Corpo de Bombeiros Laércio Soares, um dos porta-vozes do movimento que paralisou as atividades da corporação em 2010 para reivindicar melhores salários e condições trabalhistas, criticou duramente a organização de festas neste primeiro de maio, Dia dos Trabalhadores. Segundo ele, os eventos não são nada mais do que uma forma que as autoridades encontram para evitar com que os movimentos sociais saiam às ruas para protestar. 

As comemorações, que contam com a presença de artistas famosos e até sorteio de veículos, acontecem por todo o país. No Rio de Janeiro, por exemplo, nomes como Preta Gil, Arlindo Cruz e o grupo de pagode Molejo se apresentarão na Praça da Apoteose. A expectativa dos organizadores é que cerca de 70 mil pessoas compareçam à celebração.

"Somos um país milionário e extremamente desigual. No Rio de Janeiro, fala-se em Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Rio + 20. Mas, quando pedimos por melhores salários, dizem que não tem o que fazer por causa da Responsabilidade Fiscal. Que responsabilidade?", indaga.

Laércio afirma que a população precisa se conscientizar que somente uma mobilização em massa seria capaz de acabar com a injustiça social. Ele avalia que a falta de contestações diante das últimas denúncias de envolvimento de políticos com corrupção é um indicativo de que o brasileiro vive em um "País das Maravilhas", onde tudo é motivo para comemoração.

"Hoje vivemos em uma escravidão velada, em que o povo trabalha o mês inteiro e recebe uma remuneração que não é suficiente nem para garantir a alimentação. A situação da saúde e os índices da educação são vergonhosos. Mas o povo está cego, ninguém faz nada. O número dos que saem às ruas para lutar pelos próprios direitos ainda é pequeno. Enquanto isso, na Europa, hoje o dia é marcado por diversos protestos", analisa.

Milhares de pessoas participaram de manifestações nesta terça-feira em vários países. Na Espanha  e na Grécia, o alvo das críticas foram as medidas de austeridade que implicaram em cortes de gastos em setores essenciais como a Saúde e a Educação. Na Indonésia e em Hong Kong, as reivindicações eram por melhoras salários, segurança no emprego e redução da carga horária semanal. Já os filipinos queimaram uma máscara do presidente Benigno Aquino, representado como um cachorro sob as ordens dos capitalistas estrangeiros.