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Vereador cobra explicações sobre falta de ambulâncias no Carnaval de rua

'JB' constatou ausência de serviço obrigatório. Foliões que passaram mal não foram atendidos

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Depois de uma matéria publicada no Jornal do Brasil destacar que as 80 ambulâncias que teriam sido contratadas para atender os foliões no Carnaval de rua não foram encontradas nos maiores blocos da cidade como o Cordão do Boitatá, Cordão do Bola Preta, Bangalafumenga, Suvaco do Cristo e outros, o vereador Paulo Pinheiro (PSol) enviou um requerimento às secretarias municipais de Turismo e Saúde para saber como se deu a contratação dessas ambulâncias para o Carnaval. 

"Eu não sei se elas sequer saíram da garagem ou foram fantasiadas para os blocos, porque não achei nenhuma", disse o parlamentar, confirmando o levantamento feito pelo Jornal do Brasil, cuja equipe de reportagem percorreu os principais blocos na semana passada e não encontrou os veículos de socorro. 

Questionada pelo JB sobre a identidade da empresa terceirizada que teria sido contratada para prestar atendimento aos foliões e sobre o "desaparecimento" das ambulâncias e das equipes de socorro, a empresa Dream Factory (que venceu o Caderno de Encargos do Carnaval 2012 e ficou, portanto, responsável pela organização da festa tipicamente carioca), informou que não poderia dar informações sobre o assunto. O impedimento, segundo a empresa, é regulamentado por meio de contrato estabelecido junto à Riotur.

"A Prefeitura determina os endereços onde vão ficar as ambulâncias e nós apenas cumprimos esta ordenação. Mas não podemos divulgar nada além disso, pois somos impedidos por contrato", frisou um assessor de imprensa da Dream Factory. 

Também procurada pelo JB para prestar esclarecimentos sobre o cumprimento do Caderno de Encargos, a Riotur não divulgou os endereços das equipes de socorros durante os blocos nem apresentou o contrato que confirmaria a contratação do serviço de saúde, que é obrigatório. 

De acordo com o vereador Paulo Pinheiro (Psol), o requerimento deve ser respondido pela Prefeitura em até 30 dias, mas os secretários do prefeito Eduardo Paes tem por hábito não atender à exigência. 

"O poder público nos enrola bastante em relação aos requerimentos de informação. Eles têm 30 dias para responder, pedem prorrogação de mais 15 e, quando respondem, são completamente vagos. Fica complicado", lamentou.

Foliões ficam sem atendimento

Conforme o JB já havia anunciado, na semana passada no Hospital Municipal Souza Aguiar, Tatiana Marques esperava pela sobrinha, de 11 anos, que havia passado mal e desmaiado no meio do Cordão da Bola Preta, no sábado (17). Tatiana contou que não havia nenhuma possibilidade de socorro nas imediações do Bola Preta e, ao falar com policiais militares, eles disseram que ela deveria tomar um ônibus até o hospital. Felizmente, segundo Tatiana, um guarda municipal se ofereceu para socorrer a criança e levá-la ao pronto socorro, contrariando os colegas de profissão. 

"Não tinha socorro no bloco. Tive que ir até o hospital no carro da Guarda Municipal, e isso porque um dos guardas peitou seus colegas para fazer isso", disse. "Ligamos para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e eles disseram que não podiam ajudar. Minha sobrinha desmaiou e teve convulsões. Foi desesperador", relembra Tatiana. 

O gaúcho de Porto Alegre Julio Cesar Fontoura e sua mulher, Marivoni Duarte, também passaram por situação semelhante. Marivoni sofreu uma fratura no pé e não conseguia se locomover. Os turistas pediram ajuda a policiais e guardas municipais que estavam no desfile, mas não obtiveram retorno. Mesmo sem poder se mover, Marivoni teve que pegar um ônibus e um táxi para chegar ao Hospital Souza Aguiar e ser atendida. 

"Não havia nenhum socorro, nenhuma ambulância. Ninguém nos ajudou e perdemos a manhã inteira tentando chegar ao hospital", contou Julio Cesar. "Como pode um bloco com dois milhões de pessoas não ter esse tipo de preparo?", questionou.

Um turista italiano, que se identificou como Antonini, contou que uma amiga passou mal no Cordão do Boitatá e, após desmaiar, foi atendida por um guarda municipal. Na ausência de médicos e ambulâncias, o socorro foi apenas um copo de água. 

No badalado Bangalafumenga a situação era similar. A apuração do JB buscou em meio à folia por policiamento e equipes de socorro médico e não encontrou nem indícios desse tipo de estrutura. A triste notícia para os foliões é que não se via nenhuma viatura da Polícia Militar e tampouco de membros do Corpo de Bombeiros. Quem fazia o papel da Prefeitura no bloco era a Guarda Municipal, que, quando perguntada sobre onde estariam as ambulâncias, indicou uma direção errada, onde se viam foliões e mais foliões. 

Apuração: Luciano Pádua.