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Estado entrega Palácio Guanabara restaurado à população

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Uma grande festa na noite desta quinta-feira (15) marcou a reinauguração do Palácio Guanabara. O governador Sérgio Cabral e cerca de 500 convidados apreciaram a revitalização complexa e minuciosa do espaço, que começou a ser construído em 1853 e voltou à sua cor original de 1908, o ocre, após a bela restauração. 

Autoridades e servidores públicos de diversos níveis hierárquicos comemoraram o restauro do espaço, orçado em R$ 19,2 milhões, e patrocinado por empresas privadas de grande porte, como a Petrobras, a Embratel, a Light, entre outras. O encerramento da festa, que teve como mestre de cerimônias a trineta da princesa Isabel, Paola de Orleans e Bragança, contou com apresentação do Coro do Theatro Municipal.

- Tenho ligações familiares e emotivas com este palácio. O Governo do Estado está de parabéns por esta iniciativa – disse Paola.

O governador Sérgio Cabral definiu a entrega da grande restauração como sendo uma joia rara dada à população da cidade do Rio, do estado e do Brasil.

- Quero dizer da minha emoção de estar reabrindo o Palácio Guanabara. Quero agradecer a todos que estão aqui, à minha equipe, aos nossos patrocinadores e convidados. Este prédio é a síntese da história do Rio de Janeiro: Do Império, de uma mulher brava e guerreira que teve coragem de acabar com a escravatura, a nossa princesa Isabel; de um palácio que abrigou a República, a Prefeitura do Distrito Federal, o Estado da Guanabara e o Governo do Estado. Sem dúvida, o Rio vive um grande momento – disse o governador Sérgio Cabral.

Servidora da Secretaria da Casa Civil, Edna Andrade, de 46 anos, compareceu à festa de reinauguração. Ela ficou maravilhada com o que viu: - A reforma está maravilhosa, foi muita válida. Um palácio como este merecia uma festa de reinauguração desta grandeza. São séculos de história – disse Edna.

 

Recuperação de um bem precioso

O palacete de estilo eclético está totalmente novo: as cúpulas francesas foram restauradas, e o mobiliário e o acervo de obras de arte também foram revitalizados. Entre os 42 quadros recuperados, destacam-se "A morte de Estácio de Sá", de Antônio Parreiras, e "Abdicação de D. Pedro I", de Aurélio Figueiredo. Durante a restauração relíquias foram descobertas. Entre elas, o piso pé de moleque (concreto, pedras) do térreo, original da época da construção, em 1856. Localizado na sala VIP, ele ganhou proteção de vidro e iluminação especial.

- Hoje é um dia muito especial para mim e para todos que trabalham na Casa Civil. Quando assumimos o governo, encontramos o Palácio em um estado bastante degradado. Estas mudanças são visíveis. Temos agora acessibilidade, obras de arte recuperadas. E tão importantes quanto as mudanças visíveis são as mudanças intangíveis. Não nos limitados a investir na estrutura, investimos nas pessoas, treinamos profissionais, promovemos a interação entre as esferas de governo, profissionalizamos a gestão, pacificamos comunidades, criamos um plano de metas para policiais, as UPAs, o Rio Imagem, atraímos negócios para o Rio, trouxemos a Copa e as Olimpíadas, um sonho que antes era impensável para o Rio de Janeiro – disse o gestor e coordenador da grande reforma, o secretário da Casa Civil, Regis Fichtner.

Houve ainda a troca dos sistemas hidráulicos e elétricos, incluindo o de telefonia, como também a reforma dos telhados, pisos e paredes. Também foram recuperados os jardins, chafarizes e esculturas. A grande reforma durou dois anos e foi acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

- Esta obra sintetiza os cinco anos de governo. É o coroamento de todos estes anos de trabalho. Quero parabenizar a todos da equipe, aos restauradores, ao Iphan. Este palácio é um orgulho para todos nós – disse o vice-governador e coordenador de Infraestrutura, Luiz Fernando Pezão.

Especialista em obras, o presidente da Emop (Empresa de Obras Públicas), Ícaro Moreno, ressaltou a dificuldade de um restauro como o que foi feito pelo Governo do Rio em parceria com empresas privadas.

- É uma obra difícil, que requer cuidado especial, que necessita de pesquisa histórica. Não há como fazer uma reforma como esta sem técnicos especializados. Você vai à Europa e vê história. Parabenizo a equipe do Governo por esta revitalização. Ela resgata o cidadão carioca. Conversei com alguns funcionários públicos que disseram que se orgulham de participar de uma gestão que se preocupa com a manutenção dos bens públicos – afirmou Ícaro Moreno.

 

Passado aliado à modernidade

Depois de passar pela mais completa recuperação de sua história, o Palácio Guanabara reabre seus salões enaltecendo o passado sem deixar de lado o presente. Além da instalação de um sistema de ar-condicionado central, o palacete ganhou elevador e banheiros adaptados a portadores de necessidades especiais e garantiu economia de energia através de um sistema de captação de águas da chuva. A nova iluminação da fachada também é ecologicamente correta e utiliza lâmpadas LED, muito mais econômicos do que os antigos sistemas.

- Quero cumprimentar o governador Sérgio Cabral e sua equipe por este momento importante. Este palácio é histórico. Creio que o Rio de Janeiro necessita cada vez mais restaurar suas belezas históricas. O trabalho foi feito com carinho. Por isso merece todo o elogio. Esta cidade que já é maravilhosa precisa ficar mais linda. Será um cartão de visita para quem vier ao estado – disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta.

 

Séculos de história

A importância histórica do Palácio Guanabara é inequívoca. Foi no palacete que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 1888, ato que aboliu a escravatura. Um pouco antes, em 1865, a bela residência foi comprada pelo Governo Imperial para servir à Princesa Isabel quando do seu casamento com o Conde d’Eu. O palacete era conhecido como Paço Isabel. Pouco tempo depois, em 1891, o espaço foi incorporado à União por emissão de posse, passando a chamar-se Palácio Guanabara. Foi em 1908 que o palácio foi totalmente reformado pelo prefeito do Distrito Federal, Marechal Souza Aguiar, perdendo as características da arquitetura neoclássica e adquirindo a feição atual externa em estilo eclético.

O famoso palacete, carregado de história, foi também residência dos presidentes Washington Luiz, Getúlio Vargas, José Linhares e Eurico Gaspar Dutra, entre 1926 e 1947. Décadas depois, em 1960, com transferência da capital para Brasília, o Distrito Federal transforma-se no Estado da Guanabara e o Palácio torna-se sede administrativa do Governo do Estado.

Para o secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, a restauração é um marco importante na história brasileira. Ele sugeriu ao governador que o palácio seja aberto à visitação de estudantes.

- Espero que este palácio que foi muito bem reformado precise daqui pra frente somente de manutenção – disse o secretário, que visitou antes da cerimônia exposição com imagens antigas do espaço que foi moradia da princesa Isabel, no Salão Nobre do palacete.