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Quadrilha de advogados causou rombo de mais de R$ 10 milhões com fraudes

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A quadrilha de advogados desbaratada pela Operação Em Causa Própria, da Polícia Civil, causou um desfalque de mais de R$ 10 milhões, com base em indenizações conseguidas a partir de documentos e procurações falsas. A revelação foi feita pelo Ministério Público e a Polícia Civil, durante a apresentação de mais dois membros do grupo: José Oriosvaldo Brito da Silva e Anderson Gadelha, nos bairros da Tijuca e do Flamengo. Eles serão transferidos para o presídio de Bangu 8.

De acordo com a promotora do Ministério Público (MP) Dora Beatriz Wilson da Costa, os presos utilizavam dados de pessoas com o nome sujo no SPC e cadastros no programa "Minha Casa, Minha Vida" para obter as informações necessárias para as falsificações:

"Como todos são advogados, eles se aproveitavam da fé pública da profissão para apresentar procurações e documentos sem comprovação em cartórios. Eles conseguiam dados básicos das vítimas no sistema do SPC, que é utilizado normalmente pelos advogados. Também temos indícios de que eles receberam dados do 'Minha Casa, Minha Vida', então é provável que alguém de dentro tenha vazado essas informações", explicou.

A promotora afirmou que a suspeita surgiu dentro do próprio Tribunal de Justiça.

"Diversos juízes notaram o grande volume de processos similares na área cível e comunicaram os seus superiores, que instituiram uma comissão para averiguar essa suspeita. Posteriormente, o MP e a 1ª DP (Praça Mauá) foram acionados para dar seguimento às investigações. Eles atuavam pelo menos desde 2007".

De acordo com o delegado Aldrin Rocha, responsável pela investigação na 1ª DP, a quadrilha deve ter ao menos 20 profissionais envolvidos. Ele afirma que, além das prisões, foram feitas apreensões de processos judiciais e documentos que ajudaram a provar as acusaçõesm, para que novos mandados de prisão sejam expedidos:

"Encontramos espelhos de identidade em branco e diversas carteiras de motorista com a mesma foto, mas nomes diferentes. Esses documentos vão nos ajudar a comprovar a participação destas pessoas no crime".

Ainda segundo Aldrin Rocha, o líder do esquema, Jorge Batista, encontra-se foragido da Justiça. Ele já teve seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) caçado:

"Nós já estamos coletando informações sobre o paradeiro dele. A prisão vai acontecer em breve, provavalmente já na próxima semana. Tudo leva a crer que ele era o mentor do grupo".

Os presos devem ser indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato, falsificação ideológica e falsificação e uso de documentos falsos. Se condenados, a pena pode ser de pelo menos 20 anos de prisão.