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Teresópolis: acusados negam participação em esquema de propina

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O representante da Terrapleno Terraplanagem e Construção, conhecida também pelo nome fantasia de Sinal Construtora, Alfredo Chrysostomo de Moura, e o ex-secretário de Planejamento de Teresópolis, José Alexandre de Almeida, negaram que tivessem participado de qualquer reunião com gestores do município de Teresópolis sobre a negociação de propina para a prestação de serviços. 

Ambos prestaram esclarecimentos nesta quinta-feira (18/08) durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as responsabilidades de agentes políticos e públicos em face do desastre ocorrido nos municípios da Região Serrana, presidida pelo deputado Luiz Paulo (PSDB). "Existem evidentes contradições. O representante da RW Engenharia, que fez as denúncias, se auto incriminou e disse que pagava 15% de propina. As pessoas que ele acusou negaram tudo. As empresas que aqui estiveram também negaram a participação em reunião e o envolvimento com qualquer esquema de propina. É uma contradição e essa contradição será registrada no relatório final da CPI", comentou Luiz Paulo.

As acusações sobre uma possível participação da Terrapleno Terraplanagem e Construção em um esquema ilícito para obras emergenciais em Teresópolis foram feitas pelo proprietário da empresa RW Engenharia, José Ricardo de Oliveira. A empresa foi contratada pela Prefeitura de Teresópolis para remover barreiras e desobstruir vias bloqueadas na cidade. 

Em depoimento à CPI, no último dia 8 de agosto, o dono da empresa RW acusou também o ex-secretário de Obras e Serviços Públicos de Teresópolis, Paulo Marchesini, e o presidente da Comissão de Licitações da Prefeitura, Valério da Silva Medeiros, de negociarem o pagamento de propina com as empresas Terrapleno Terraplanagem e Construção e Vital Engenharia pelas obras emergenciais no município. 

“A verdade dos fatos é que eu nunca recebi propina dele e de nenhum empresário. Ele será responsabilizado", disse o ex-secretário de Planejamento de Teresópolis, José Alexandre de Almeida.

Além de negar as acusações, Alfredo Chrysostomo afirmou que irá processar José Ricardo de Oliveira pelas acusações. "Não sei por que esse senhor me acusa. Ele diz que eu participei de uma reunião, o que eu nego com veemência. Estou abrindo um processo contra esse senhor. Ele fala uma coisa e depois fala outra. Ele está confuso", disse Chrysostomo. Em depoimento, José Ricardo admitiu que participou de um esquema de propina anterior à tragédia, onde era cobrado por autoridades do município entre 10% e 15% do valor do contrato como forma de garantir a participação na obra. A possível reunião teria como objetivo aumentar a porcentagem de propina para 50%.

Chrysostomo, mais uma vez, negou as acusações. "Eu tive uma reunião de trabalho na Secretaria do senhor Michelangelo (atual secretário de Obras), onde foram designadas as frentes de trabalho. A Prefeitura de Teresópolis nunca me pagou nada relacionado a contratos emergenciais", disse Alfredo Chrysostomo, que confirmou possuir dois contratos com a administração da cidade, anteriores à tragédia. Já em Nova Friburgo, a empresa participou de uma concorrência de preço depois da tragédia e foi contratada para limpeza e desobstrução de ruas no primeiro distrito da cidade.

O ex-secretário de Obras de Teresópolis, Paulo Marchesini, confirmou que estará presente na próxima reunião da comissão, nesta sexta-feira (19/08), às 9h. Participaram ainda da CPI os deputados Sabino (PSC), vice-presidente, Nilton Salomão (PT), relator, Rogério Cabral (PSB), Janira Rocha (Psol), Clarissa Garotinho (PR), Comte Bittencourt (PPS) e Zaqueu Teixeira (PT).(texto de Raoni Alves)