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Pescadores encontrados no Sul sobreviveram bebendo urina

Eles ficaram mais de 20 dias a deriva

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O grupo de seis pescadores desaparecidos há mais de 20 dias desembarcou às 15h15 desta terça-feira na sede da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, na Praça XV, Centro do Rio. Assaz debilitados, três deles chegaram em macas, os outros amparados por homens da Marinha e do Corpo de Bombeiros, para serem recebidos por familiares emocionados. Ambulâncias do Corpo de Bombeiros aguardavam os pescadores, que foram levados para os hospitais Souza Aguiar, no Centro, Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, e para Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio.

Um navio mercante resgatou os pescadores na noite de segunda-feira (27). O barco deles saiu de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e foi encontrado a cerca de 180 km da Costa de Itajaí, em Santa Catarina.

Maicom Lima Santos, de 24 anos, o mais novo entre os sobreviventes, contou que logo no início da deriva na costa brasileira a tripulação já não tinha mais suprimentos para se manter. E, por conta disso, se viram obrigados a beber a própria urina.

“O xixi que nos salvou”, disse ele exausto.

Os pescadores foram trazidos até a Baía de Guanabara pelo navio-tanque Marola, de bandeira italiana. Foi a embarcação que os resgatou, e os entregou às autoridades portuárias fluminense, quando ia para Trinidad e Tobago. Desde a manhã de ontem, familiares esperavam ansiosamente o desembarque de seus entes desaparecidos. Maria das Graças, de 53 anos, mãe de Maicom, afirmou que, no que depender seu filho nunca mais voltará a pescar.

 “Eu não quero mais passar por isso, espero que nenhuma mãe passe pelo que eu passei. Eu orei muito pela vida dele, é um milagre ele ter sobrevivido, mas sofri bastante”.

Zenildo de Oliveira Pacheco, de 31 anos, responsável pelo pesqueiro, desembarcou em uma maca, totalmente fragilizado, e desnorteado. Visivelmente debilitado, ele disse não ter força para nada. Sua esposa, Gleice da Silva Pacheco, mostrou preocupação com o estado de saúde de seu marido.

“Ele está muito fraco, não pode falar. Estou preocupado, ele precisa de tempo para se recuperar.”