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Choque de Ordem derruba imóveis irregulares na Cidade de Deus

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Eduardo Tavares, JB Online

BARRA - Ocupada por policiais desde o fim do ano passado, a Cidade de Deus, em Jacarepaguá, foi alvo da Operação Choque de Ordem nesta sexta-feira. Foram demolidos 38 imóveis irregulares, seis carcaças de carros foram rebocadas e quatro motos foram apreendidas. Uma família foi conduzida para um abrigo da prefeitura. A Polícia Militar também apreendeu 116 tabletes de maconha e prendeu, na localidade conhecida como Karatê, um adolescente de 16 anos por atividade suspeita. O jovem foi levado para a 41ª DP (Tanque).

Desde às 9h de sexta-feira, agentes da Seop, assistentes sociais e cerca de 200 policiais militares do 18º BPM (Jacarepaguá), Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Batalhão de Choque já ocupavam a comunidade. Tratores, caminhões e reboques foram utilizados durante a operação. Na Avenida Cidade de Deus, uma das principais vias de acesso da favela, estabelecimentos comerciais foram demolidos sob protestos dos moradores.

Revoltados, comerciantes classificavam a ação de ordem pública como autoritária e desumana.

Sou viúva, tenho um filho de 8 anos e vivia da renda do meu salão. Os fiscais chegaram de manhã e começaram a derrubar tudo. Tentei argumentar e disseram para eu pegar minhas coisas e levar para a casa da minha mãe disse, desesperada, Cláudia Machado dos Santos, 33 anos, há oito dona do salão demolido.

Como outros comerciantes, Cláudia afirmava que residia dentro do seu comércio, foco da operação.

O que estes comerciantes farão agora. Vão assaltar na Linha Amarela para poder sobreviver? É isso que o prefeito Eduardo Paes quer? questionou outra moradora, Marina Silva, 30 anos.

Apesar dos protestos, a Seop garante que continuará implacável no processo de derrubada dos imóveis ilegais.

Segundo a prefeitura, os estabelecimentos, além de não terem alvará para desenvolver qualquer atividade comercial, estavam construídos em área de risco, na margem do canal.

O foco são os comércios irregulares que ocupam os logradouros públicos na favela, mas também demolimos duas residências que estavam em local de risco. Alguns comerciantes tentam burlar nossa ação colocando colchões dentro do estabelecimento para caracterizar o imóvel como residencial explicou o coordenador da Seop, Cesar Gonçalves. Na parte da manhã, focamos na retirada de barricadas e carcaças de carros abandonadas.