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A derrocada do império X do ainda milionário Eike Batista

O perfil midiático de antes deu lugar ao recolhimento

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A situação das empresas de Eike Batista, que em 2012 começaram a ficar mal das pernas, desceram a ladeira embaladas neste ano que termina. De sétimo homem mais rico do mundo, Eike pulou para a centésima posição da revista Forbes já em março. Nos últimos meses do ano, o empresário foi considerado “o mico de 2013”. Nada mal para quem ainda tem umas duas centenas de milhões na conta.

Na véspera do Natal, Eike ganhou um presente justamente de quem menos poderia presenteá-lo: seus credores internacionais. Essa dívida da OGX chega a US$ 5,8 bilhões que serão trocadas por ações da empresa. Além disso, esses mesmos credores deverão injetar mais US$ 200 milhões para a companhia sair do buraco. E mais, Eike ficará ainda com 9,4% do patrimônio da empresa! É ou não é um super presente de Natal?

Os pagamentos de indenizações das empresas de Eike a seus diretores levantaram suspeitas de terem sido feito de forma pouco transparente. De acordo com informações do mercado, pelo menos dez executivos saíram das empresas do grupo EBX com mais de R$ 100 milhões nos bolsos e alguns com mais de R$ 200 milhões. Em resumo, Eike blefou sobre suas empresas, se endividou na casa dos bilhões, inclusiva com dinheiro público do BNDES que ele deve cerca de R$ 10 bilhões, não produziu nada e conseguiu a recuperação judicial de pelo menos duas de suas empresas. Será que foi um bom negócio?

  

Em junho, Eike colocou à venda o Hotel Glória, ícone do Rio de Janeiro pelos ilustres hóspedes que teve, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Mesmo com um investimento na casa dos R$ 200 milhões do BNDES, o “Glória Palace Hotel”, não está nem com metade das obras da reforma concluídas e seu aspecto é de total ruína. Ao se desfazer do hotel, o empresário começava também a dar uma guinada em sua imagem. O midiático Eike estava sempre nas revistas, jornais e TV. O falido Eike se recolheu.

Em apenas dois anos, o império construído por Eike Batista, com investimentos bilionários em diversos segmentos da economia como petróleo, energia e portos, ruiu. Depois de cair para 100º lugar na Forbes, o empresário não aparecia nem entre os 200 primeiros mais ricos na Lista da Bloomberg. Com dívidas totais chegando a mais de R$ 18 bilhões, conseguiu a recuperação judicial da petrolífera OGX, que até hoje não produziu uma gota sequer de petróleo, e do estaleiro OSX.

Eike também protagonizou uma polêmica envolvendo o Maracanã, cujo consórcio que administra o estádio tem em sua composição a IMX, uma das empresas do grupo EBX, e que foi responsável  por produzir o estudo de viabilidade econômica em que foi baseado o edital de concessão do estádio. A empreiteira Odebrecht, outra que integra o consórcio, foi uma das construtoras que reformaram o Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Apesar disso, o governador Sérgio Cabral disse que a licitação estava perfeitamente dentro da legalidade. “A Justiça já respondeu isso. A licitação está perfeita. Tanto está que o questionamento é em cima do mérito e o Ministério Público avalia a legalidade. A legalidade está perfeita", criticou.

Depois do escândalo do custo da reforma do Maracanã, Sérgio Cabral, pressionado pelos protestos das ruas, decidiu não demolir mais o Complexo Esportivo ao lado do estádio e que custaria aos administradores R$ 600 milhões. A demolição foi suspensa, o dinheiro não foi gasto e as empresas que venceram a licitação se comprometeram a investir em outras estruturas esportivas, mas até hoje nada foi feito.

A mais recente polêmica envolvendo Eike e seu império de papel foi a suspeita de que no processo de desvalorização de suas empresas, exatamente cinco meses antes da derrocada, ele teria contratado uma empresa de Hong Kong por US$ 40 milhões para intermediar a negociação da compra de uma plataforma de petróleo para a OGX. No entanto, após ter feito o pagamento, a empresa de Eike desistiu do negócio e “perdeu” o que pagou pela intermediação, num negócio suspeitíssimo.