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A Petrobras e a responsabilidade do governo

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Na falta de argumentos sólidos o suficiente, capazes de sustentar uma defesa consistente da atuação da Petrobras e dos negócios colocados sob suspeita, o governo tergiversa e acusa a oposição e a mídia de pretenderem desgastar a empresa com uma onda de denuncias.  Aparentemente, essa explicação não está servindo ao propósito esperado pelo Planalto e seus aliados. A maioria dos brasileiros acredita que existe corrupção na Petrobras, uma empresa que há cinco anos estava entre as dez maiores do mundo e, hoje, amarga uma desonrosa 120ª. posição.

O governo faria melhor se reconhecesse sua parcela de responsabilidade nesse descontrole em que se encontra a Petrobras. Feito isso, poderia anunciar uma reformulação completa na direção da estatal. Não seria a primeira vez que um governo agiria dessa forma em resposta a denuncias de corrupção na empresa. Um gesto dessa natureza teria um efeito pedagógico sobre a administração em geral, algo há muito necessário. Mas, governos geralmente não são dados a ousadias desse tipo. Assistimos, recentemente, ao recuo de decisões que pretendiam moralizar a administração pública, quando ministros e altos funcionários foram afastados sob a acusação de corrupção e ‘mal feitos’. Infelizmente, foram chamados de volta, sob a imperiosa necessidade de recompor a base aliada e tornar possível a manutenção da governabilidade.

Talvez devêssemos procurar nessa tal de governabilidade e nos termos em que está colocada atualmente, a raiz dos problemas da Petrobras. Em troca de apoio e votos no Congresso, o governo levou ao limite da irresponsabilidade o loteamento de cargos na empresa. Diretorias e departamentos inteiros foram entregues aos partidos aliados, que colocaram nesses postos a sua gente de confiança, não propriamente exímios conhecedores das áreas em que iriam atuar.  O resultado está aí. Já tivemos o mau exemplo do Banco do Brasil e dos Correios, denuncias que deram origem a Comissões Parlamentares de Inquérito. Movimentos que por sua vez levaram ao mensalão. A dúvida agora é o quanto esse caminho continuou sendo palmilhado e imaginar o desfecho possível

*Pedro Simon é senador pelo PMDB-RS.