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Sem união da esquerda, PCdoB confirma Manuela

Partido confia na candidatura própria para superar cláusula de barreira

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O PCdoB deverá manter a pré-candidatura da deputada estadual Manuela D’Ávila (RS), a despeito das investidas do PDT para apoiar Ciro Gomes à sucessão presidencial deste ano e das cobranças do PT em relação à aliança em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto mantida pelo PT. A única hipótese de o PCdoB abrir mão da candidatura própria seria em nome da unidade de todo o campo progressista. Caso contrário, a estratégia é manter Manuela na corrida para enfrentar as novas regras da cláusula de barreira, que entram em vigor nessas eleições. 

A própria presidenciável tem dito não ser um empecilho e que se os partidos de esquerda decidirem se unir em torno de um único nome para a disputa de outubro, ela seria a primeira a concordar. Fora isso, a pré-candidatura de Manuela, que será homologada na convenção marcada para o dia 1º de agosto, é apontada como fundamental para ajudar o partido a vencer a cláusula de barreira, que exige que os partidos obtenham um patamar mínimo de votos para a Câmara dos Deputados, distribuídos pelo país, para garantir tempo de rádio e TV e recursos do fundo partidário.

“Nesse curto período de tempo, sem estrutura e sem televisão, a Manuela já tem 2% das intenções de votos. A candidatura majoritária ajuda muito a puxar votos”, afirma a presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE). Ela ressalta que, com o início do horário eleitoral gratuito, a candidatura daria maior visibilidade ao partido. Para Luciana, é natural que o PT queira liderar a frente de esquerda, pois a legenda tem o candidato com melhor desempenho nas pesquisas eleitorais. Na sua avaliação,a tendência é que a disputa no 2º turno se dê entre um candidato de esquerda e um de direita, e já há um acerto entre as legendas progressistas para se apoiarem nessa fase da votação.

A estratégia do PCdoB, que tem 10 deputados federais, é a mesma do PSOL, que tem seis cadeiras na Câmara e decidiu lançar o pré-candidato Guilherme Boulos à Presidência da República para reforçar sua bancada. No ano passado, o Congresso aprovou emenda constitucional que tem por objetivo reduzir o número de legendas no Parlamento e impedir as negociações políticas no varejo, que ocorrem entre o Palácio do Planalto e as diferentes agremiações para aprovar projetos. Esse ponto da reforma política foi apontado como importante para tentar evitar a compra de votos e a distribuição de cargos pelo Executivo Federal, práticas que costumam gerar casos de corrupção. 

Só terá direito ao fundo e ao tempo de TV o partido que tiver recebido ao menos 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2018 para a Câmara, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação (nove estados), com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas. Caso não alcance esse patamar, o partido precisará ter eleito pelo menos nove deputados, em um mínimo de nove estados. 

Nas eleições de 2022, a exigência será maior: serão necessários 2% dos votos válidos nacionalmente ou a eleição de pelo menos 11 deputados federais distribuídos em nove unidades da Federação, incluindo também o Distrito Federal. Nas eleições de 2026, o percentual sobe para 2,5% dos votos válidos também em nove unidades da Federação, com um mínimo de 1,5% de votos em cada uma delas. Outra alternativa será eleger um mínimo de 13 deputados em um terço das unidades. Já no pleito de 2030, a cláusula de desempenho sobe para 3% dos votos válidos, com 2% dos votos válidos em cada uma delas. Caso contrário, a legenda precisará eleger 15 deputados distribuídos em nove estados.