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Democratas adia anúncio de aliança

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O presidente do Democratas, Antônio Carlos Magalhães Neto, desembarca hoje em Brasília, trazendo na bagagem a certeza de que sairá das reuniões que fará com lideranças dos partidos do chamado centrão, entre hoje e amanhã, sem a definição do candidato que o bloco apoiará. Por isso, Neto decidiu prorrogar por mais 10 ou 15 dias a oficialização do apoio, ou seja, às vésperas da convenção nacional do partido, marcada para 4 de agosto.

As lideranças querem chegar juntas à definição – entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) – daquele com quem farão aliança. Mas, dentro do partido de Neto, ainda é forte a divisão, quase meio a meio na Executiva Nacional. “Esta é uma decisão muito complexa para se decidir por voto. Por isso, o partido prefere prorrogar o prazo e chegar a um consenso”, diz o deputado José Carlos Aleluia (BA), integrante da Executiva e apoiador da aliança com os tucanos, que têm também a preferência de importantes democratas, como o ex- -ministro da Educação Mendonça Filho (PE) e o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (RJ), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia que, por sua vez, ainda defende o apoio ao pedetista, embora o pai venha tentando demovê-lo desta posição. Neto, embora procure manter a postura de neutralidade, segue Rodrigo Maia e acredita que Ciro tem mais chances de chegar ao segundo turno do que Alckmin.

Reunião com aliados de Ciro 

Hoje, o presidente do DEM se reúne com Ciro Nogueira, do PP e deve receber também outros parlamentares, entre eles apoiadores de Ciro Gomes. O presidenciável teria prometido ao DEM fazer adaptações em seu programa econômico em troca do apoio do partido. Segundo fontes que participam das negociações, o DEM quer que o PDT reveja propostas já anunciadas, como a revogação da reforma trabalhista, promessa feita por Ciro a representantes das centrais sindicais e ao próprio PDT, cujos parlamentares votaram contra a reforma em 2017.

Outra pessoa que acompanha as conversas diz que pesa muito, na decisão do DEM, o temperamento de Ciro. “O Democratas não tem qualquer identidade ideológica com Ciro. Além disso, pesa muito a instabilidade emocional dele. Os políticos que estão discutindo as alianças sabem que um líder com o temperamento do Ciro não se segura muito tempo no poder”. As costuras do dia serão discutidas novamente em jantar à noite. Amanhã cedo, Neto se encontra com Rodrigo Maia, que hoje está no Chile, e à tarde seguirá para São Paulo, para nova rodada com o centrão. 

Rodrigo Maia só participará das conversas da quinta-feira. Ele, assim como o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), teve que deixar o Brasil ontem para não substituir o presidente Michel Temer, que está em missão na Ilha do Sal, em Cabo Verde. Pela Constituição Federal, nos seis meses que antecedem o pleito, aqueles que substituem o presidente não podem concorrer a outros cargos.

Este ano, Maia e Eunício saíram três vezes do país, em função de viagens internacionais de Temer, para não ficarem inelegíveis. Ontem, o líder do Democratas na Câmara, Rodrigo Garcia (SP), protocolou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para acabar com essa regra. “É evidente que a ausência das autoridades da linha sucessória é prejudicial ao país, não apenas por motivos políticos e eleitorais, mas, sobretudo, econômicos”, disse o líder, referindo aos gastos desnecessário com as viagens.