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Assessor do Papa impedido de ver Lula

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Com a explicação de que não se tratava de um religioso, um padre consagrado, a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba impediu, na tarde de segunda-feira (11/06), que Juan Gabrois, que atua como assessor do Papa Francisco, coordenando os famosos Encontros Mundiais de Movimentos Sociais em Diálogo com o Papa, visitasse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ali recolhido desde 7 de abril.

A visita estava previamente agendada para esta segunda-feira, dia reservado à chamada “assistência religiosa”. Nela, Gabrois entregaria a Lula um rosário abençoado por Francisco, assim como as conclusões dos encontros do pontífice com representantes dos movimentos sociais, o último dos quais no final de 2016. Mas por não ser religioso, embora teólogo, o argentino não passou da porta do prédio. O impedimento foi mais noticiado do que seria a visita em si.

Gabrois, que desfruta da amizade pessoal do Papa desde a época em que ele era o cardeal Bergoglio, em Buenos Aires, levado à Roma, foi nomeado por Francisco para o Conselho Episcopal de Justiça e Paz, extinto, pelo próprio Papa, em janeiro de 2017. O Conselho foi transformado em Dicasteria Para El Servicio del Desarrollo Humano Integral. Gabrois, porém, continuou como coordenador dos encontros com os movimentos sociais.

Ao deixar o prédio da Polícia Federal ele se queixou do impedimento da visita, questionando o conhecimento da “autoridade máxima” que lhe recebeu  na superintendência  - por ele não identificada – que recorreu a argumentos de natureza teológica – não ser um sacerdote consagrado - para impedir seu acesso a Lula . “Não sei se estes funcionários têm formação teológica, mas insisto que todos os batizados somos discípulos e missioneiros e temos funções religiosas a cumprir”, protestou junto aos jornalistas.

Lembrou ainda que nas mesmas condições esteve em diversos lugares, sem jamais sofrer impedimento como o ocorrido em Curitiba: ”Visitei presos em diversos lugares e jamais tive uma incoveniência  desta natureza. É uma ‘doutrina ideológica’ porque, pela doutrina católica, todos os batizados somos discípulos e missioneiros. Vim trazer um rosário abençoado pelo Papa Francisco, trazer a palavra do Papa Francisco e as conclusões do encontro dele com os movimentos sociais”. Não ficou claro na entrevista se o rosário foi enviado pelo próprio Papa ou se tratava apenas de um terço abençoado por Francisco.

Mas, para Gabrois, o impedimento da visita é “um claro caso de perseguição política, uma deterioração evidente da democracia no Brasil. Faz parte também de um processo de degradação das instituições, não somente no Brasil, mas em vários países da América Latina”.

 Ainda assim, disse ter ficado satisfeito por ter encaminhado a Lula o rosário abençoado pelo Papa, junto com um bilhete escrito, para o qual espera receber uma resposta do ex-presidente. Deixou o prédio dizendo ter certeza que “a Justiça virá, na medida em que as situações forem aclaradas”.