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Em seu 3º dia, greve de caminhoneiros afeta transporte público e abastecimento

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A greve de caminhoneiros, que protestam há três dias contra a alta no preço do combustível, já provoca a redução da reserva de combustível de empresas de ônibus. No Rio de Janeiro, a frota em circulação foi reduzida nesta quarta-feira, e o Metrô reforçou as equipes em suas 41 estações. O impacto também já acontece no interior de São Paulo. Há postos sem combustível no Vale do Paraíba e, em Jacareí, a empresa Jacareí Transporte Urbano (JTU), responsável pelo transporte coletivo na cidade, reduziu o número de veículos em circulação.

A Secretaria Municipal de Transportes do Rio afirmou ter sido avisada pelos consórcios de ônibus que não estão recebendo diesel nas garagens, devido à greve dos caminhoneiros. Os consórcios pediram que a prefeitura reforce aos órgãos de segurança pública a necessidade de escolta de carretas de combustível até as garagens. Pediram também autorização para reduzir a frota nas ruas, até que a situação seja normalizada. 

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A Prefeitura do Rio recomenda que os deslocamentos sejam feitos prioritariamente por metrô, trem e VLT. A secretaria de Transportes solicitou às concessionárias desses outros meios de transporte coletivo que reforcem suas frotas para absorver o possível aumento da demanda de usuários. O Centro de Operações da Prefeitura do Rio vai monitorar os impactos causados pela greve dos caminhoneiros no transporte coletivo do Rio.

Em São Paulo, os caminhões que transportavam combustível aderiram ao protesto e estão parados às margens da Via Dutra. A empresa adotou a tabela de viagens usada no domingo, quando o número de passageiros é menor. A redução de até 40% no número de viagens levou à formação de filas em pontos de embarque, nos bairros Nova Jacareí, Vila Garcia e Parque Meia Lua, onde a demanda é alta.

Em cidades da região, os postos começam a ficar sem combustível nas bombas. Em São José dos Campos, havia filas em postos do Jardim Paulista, onde a gasolina comum havia acabado. Os frentistas ofereciam apenas gasolina aditivada e etanol.Em Pindamonhangaba, um posto na rua Japão também ficou sem gasolina comum e subiu o preço da aditivada, vendida a R$ 4,67.Também havia postos sem gasolina em Taubaté.

Governo

O governo brasileiro anunciou na terça-feira que eliminará a Cide sobre o diesel e a gasolina, na tentativa de acabar com a greve dos caminhoneiros, mas a proposta não contentou os manifestantes. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, há pelo menos oito pontos de protesto em quatro rodovias que cortam o Rio de Janeiro. 

Na BR-101, há dois pontos de protesto: um em Campos, no km 75, e outro em Itaboraí, no km 296. Na BR-116, são três pontos: em Seropédica (km 204) e Barra Mansa (km 276), ambos na Via Dutra, e em Guapimirim (km 104), na Rio-Teresópolis.

Outros pontos de manifestação são: BR-393 (em Paraíba do Sul, no km 182, e, em Volta Redonda, no km 281) e BR-465 (em Nova Iguaçu, no km 17).

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anunciou um acordo com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, para eliminar o imposto sobre o diesel e a gasolina (Cide), e pediu aos caminhoneiros que suspendam a greve. Mas a medida é considerada insuficiente pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam). 

"Até um posicionamento efetivo do governo, a entidade pede firmeza nos protestos em todas as regiões do país", declarou o presidente da entidade, José da Fonseca Lopes.

Os caminhoneiros exigem uma redução dos preços do diesel. Desde o início de maio, o preço do diesel das refinarias (antes dos impostos) subiu 12% e o da gasolina 14%. Mas a estatal se recusa a rever a política, que considera fundamental para sua estratégia de recomposição financeira e de imagem.

"Na abertura da reunião, foi logo esclarecido que de maneira nenhuma o objetivo seria o governo pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras", disse o presidente da petroleira, Pedro Parente.

"Parece pouco provável que Temer reduza a nova autonomia política de preços da Petrobras, porque isso poderia provocar a saída do CEO Pedro Parente", afirmou a consultoria Eurasia Group em nota de análise. "Uma compensação mediante corte de impostos parece mais provável, embora devam ser modestos, diante da oposição do Ministério da Fazenda."