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Doleiro vincula colegas de BH com ex-governador de Minas

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O doleiro Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony, delator da Operação Câmbio, Desligo, afirmou que Camilo Lelis de Assunção, preso em Belo Horizonte durante a ação da Polícia Federal, usou uma conta no exterior ligada a uma empresa da família do ex-governador de Minas Newton Cardoso (MDB) para operar. Segundo ele, Camilo e outro "doleiro da capital mineira (José Carlos Saliba) atendiam as operações maiores, notadamente do senhor Cardoso".

As declarações de Tony foram feitas em 28 de fevereiro. A Operação Câmbio, Desligo foi deflagrada pela Procuradoria da República no início deste mês. Maior ofensiva já feita contra o mercado paralelo da moeda americana no País, ela levou à prisão 35 doleiros, que agiam desde os anos 1970 em praças diversas e comunicação com escritórios em paraísos fiscais.

Newton Cardoso governou Minas entre 1987 e 1991. O emedebista, de 80 anos, foi deputado federal por três mandatos (1979-1983, 1995-1996 e 2011-2015).

Camilo Assunção foi preso preventivamente na Câmbio, Desligo e está custodiado no sistema penitenciário estadual do Rio. De acordo com Tony, foi Camilo quem lhe contou sobre suas supostas relações com Cardoso. Tony contou ainda que, em 90% de suas transações com Camilo, seu colega de Belo Horizonte lhe vendia dólares. Em contrapartida, Tony disse que entregava reais em São Paulo para Camilo.

Aos procuradores, Tony contou que, "em algumas oportunidades", vendeu dólares para Camilo no exterior e recebeu reais em Belo Horizonte. "Nas operações que Camilo vendia dólares ao colaborador, Camilo já comentou com o mesmo que o dinheiro era oriundo da empresa Demetal, relacionada à família de Newton Cardoso", afirmou.

Defesas

A reportagem não conseguiu contato com Newton Cardoso. O advogado Marcelo Leonardo, que defende Camilo, disse que seu cliente "não é doleiro e nunca operou para o ex-governador e nem para ninguém". "Há, na investigação, apenas a palavra de delator, sem qualquer prova de corroboração." O advogado Carlos Alberto Arges Júnior, que defende Saliba, afirmou que ele "desconhece qualquer operação de câmbio envolvendo o ex-governador". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.