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Educação é chave para combater fake news, diz especialista

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"Habilidades jornalísticas são as mais poderosas do século 21. Todos os alunos deveriam aprendê-las." É assim que Esther Wojcicki, professora e educadora norte-americana com 50 anos de experiência na área, descreve a importância da checagem para combater as "fake news".

Segundo ela, o procedimento jornalístico de buscar informações em fontes primárias, como especialistas, e selecionar os dados mais importantes são a base para descobrir se uma notícia é falsa ou não.

 "A primeira coisa que eu indico é a verificação de fontes.

Depois eu digo que é importante compartilhar somente o que você leu e entendeu", disse. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) revelou que as fake news se espalham seis vezes mais rápido que notícias verdadeiras. Além disso, o estudo aponta que 70% das informações falsas têm mais chance de serem replicadas.

O termo foi popularizado em 2016, quando a Rússia foi acusada de difundir fatos inverídicos para influenciar a disputa presidencial nos Estados Unidos, em benefício de Donald Trump.

Desde então, notícias falsas sobre o Brexit, a independência da Catalunha, o programa nuclear da Coreia do Norte e até mesmo de políticos brasileiros ganharam espaço na internet.

O presidente dos EUA é uma das pessoas que mais utilizam a expressão, frequentemente para atacar a mídia - ele sempre sugere que reportagens negativas são falsas. Mas Wojcicki lembra das milhares de mentiras ditas por Trump em seu primeiro ano eleitoral. "Ele é uma piada, e o que ele disse é uma mentira", declarou.

Educação - Wojcicki leciona no Palo Alto High School Media Arts Center, um centro de estudos que foge do modelo tradicional de ensino. No colégio de ensino médio, os jovens sentam em roda, debatem ideias em grupos e podem produzir com autonomia.

A partir desse modelo, "testado" pela professora nas próprias filhas quando crianças, ela pôde formar pessoas de destaque no mercado de trabalho, inclusive dentro de casa: Susan Wojcicki, por exemplo, é diretora executiva do YouTube.

O método usado pela norte-americana consiste em incentivar a independência desde a infância. "Quando as crianças são 'donas' do próprio conhecimento, elas dão mais valor e aprendem melhor", ressaltou. Wojcicki estimula os jovens ao pensamento crítico, à criatividade e à colaboração, além de, claro impulsioná-los a buscar dados corretamente.

Brasil - A reforma do ensino no Brasil coloca algumas disciplinas, como sociologia e filosofia, em risco de desaparecer do programa das escolas ou de não ser obrigatórias em todos os anos do Ensino Médio. Neste caso, levar os estudantes a serem críticos é uma tarefa mais difícil.

Conduzi-los à identificação de informações falsas, mais ainda.

Considerando o cenário, Esther Wojcicki aconselhou que o melhor a se fazer é "dizer que o resto do mundo está preocupado com isso", dessa maneira, os professores e alunos teriam modelos a se espelhar.

Eleições - Em ano eleitoral, a checagem de dados deve ser ainda maior. "Vocês precisam ter muito cuidado e um olhar suspeito.

Quando olharem alguma coisa que pareça loucura, chequem em outros sites, porque haverá muitas mentiras", aconselhou Wojcicki.

Como medida de combate às fake news, a Polícia Federal criou um grupo de fiscalização durante as eleições. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral estuda desenvolver um canal em parceria com a imprensa para identificar e punir quem publica informações falsas.

A especialista ainda indicou duas plataformas que auxiliam na conferência de dados, como a página do "Newseum", museu de notícias em Washington, e o site "Snopes", que identifica fatos inverídicos.