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Exército: dados revelados pela CIA sobre Geisel foram destruídos

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O documento tornado público pelo governo dos Estados Unidos foi desclassificado em 2015 com outros 404 pelo Departamento de Estado Americano, envolvendo oito países da América do Sul. Eles cobrem o período de 1973 a 1976, durante as presidências dos republicanos Richard Nixon e Gerald Ford. O primeiro parágrafo do documento com sete linhas não foi desclassificado pelo Departamento de Estado. É provável que ali estivesse a descrição sobre quem seria a fonte da informação que Colby repassava a Kissinger. 

Os generais Milton Tavares de Souza, o Miltinho, chefiou o CIE de 1970 a 1974 e estava passando o cargo para  Confúcio Danton de Paula Avelino. O relato do então diretor da CIA, William Colby, para Nixon prossegue afirmando que Geisel reagiu comentando que a questão seria potencialmente prejudicial a aspectos de sua política, a abertura. O presidente teria afirmado ainda que queria pensar a respeito durante o fim de semana antes de chegar a qualquer decisão sobre se os assassinatos deviam ou não continuar. 

“No dia 1.º de abril, o presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política devia continuar, mas que se devia tomar muito cuidado para ter certeza de que somente perigosos subversivos fossem executados”, escreveu o diretor da CIA. Após o dia 1º de abril de 1974, o CIE coordenou a grande ofensiva contra o partido Comunista Brasileiro que matou dez de seus integrantes, todos em centros clandestinos mantidos pelo órgão. Nessa ação, com a participação do Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo, centenas de militantes comunistas foram presos e três deles morreram no DOI: o tenente José Ferreira de Almeida, o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho, mortes que ocorreram fora do sigilo das ações do CIE . 

Em razão delas, Geisel afastou do comando do 2º Exército o general Ednardo D’Ávila Melo, em 1976. Por meio de nota, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que “os documentos sigilosos, relativos ao período em questão e que eventualmente pudessem comprovar a veracidade dos fatos narrados foram destruídos, de acordo com as normas existentes à época”. O Palácio do Planalto informou que não vai comentar o caso.