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"Lula tem partido, história e trajetória. Você pode gostar ou não, mas ele tem compromisso", diz FHC

Em entrevista, ex-presidente também criticou Bolsonaro e afirmou que Alckmin será candidato

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou a história política do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao fazer uma comparação entre o petista e o deputado federal (PSC-RJ) Jair Bolsonaro. "Conheço Lula muito bem, mas não conheço Bolsonaro. O Lula tem partido, história, trajetória. Você pode gostar ou não, mas ele tem compromisso. Já Bolsonaro é um homem autoritário. Quais são as opiniões dele? Não sei […]. Bolsonaro não existe ainda. Só existe um sentimento de 'ordem'", analisou, em entrevista exclusiva a José Luiz Datena no programa “90 Minutos", da Radio Bandeirantes, que foi ao ar na quinta-feira (18). 

Ao comentar as candidaturas de Lula e Bolsonaro, que lideram as pesquisas de voto para as eleições presidenciais de outubro, Fernando Henrique avaliou que há mais chances para uma candidatura de centro: “Acho que há todas as condições para ter um candidato de centro qualificado, que tenha história e posição”.

Por outro lado, o ex-presidente considera que é preciso ficar atento para que não se eleja um regime autoritário: “Há um clima que é propício a isso, nós já tivemos experiências dessa natureza. É preciso que haja também outras pessoas capazes de dizer de uma maneira direta, que toque nas pessoas, mas que respeite algumas regras da democracia, do bem-estar, que tenha compromisso com o país e não só com a vitória. Temos que olhar com muita atenção o desenrolar dessas eleições, porque pode haver, mal comparando, um Hitler, como pode haver um Trump ou pode haver um Macron”.

FHC também afirmou que não há risco de Geraldo Alckmin não ser o candidato do PSDB à Presidência da República. O tucano declarou que o governador de São Paulo é o nome do partido que tem mais chances de vencer a eleição: “Tem vários que são bons, mas quem tem mais chance nesse momento, quem pode levantar a bandeira, em nome do PSDB, é o Alckmin”.

Para FHC, o julgamento do ex-presidente Lula, na próxima semana, não será político. Ele pondera que não pode haver condenação se não houver provas: “Eu espero só uma coisa: que a Justiça seja correta. Qual é a prova e, se tem prova, condena. Se não tem, absolve. Eu não conheço o processo. O juiz vai ter que explicar, fundamentar o voto”.

"Pessoalmente, não tenho nenhuma satisfação em ver esse pessoal [políticos] na cadeia, não tenho esse espírito de vingança. Quem decide é a Justiça […]. O PT é um partido e vai continuar existindo. Se entrar na disputa com candidato próprio, vão apoiar quem? Esses temas vão permanecer. Caso seja absolvido, o 'outro lado' também vai sentir", afirmou.

Fernando Henrique declarou ainda que a reforma da Previdência é necessária, mas que não terá efeito imediato sobre a vida das pessoas. Para o ex-presidente, que já foi ministro da Fazenda, o governo precisa deixar claro e garantir à população que as mudanças vão combater privilégios.