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Camargo Corrêa revela formação de cartel em obras do metrô durante 16 anos

Empreiteira fechou acordo de leniência com o Cade

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A empreiteira Camargo Corrêa fechou acordo de leniência com a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e revelou em documentos a formação de cartel em 21 licitações do Metrô em sete Estados durante 1998 e 2014, envolvendo nove empresas. O acordo, divulgado nesta segunda-feira (18), é um desdobramento da Lava Jato e foi celebrado com conjunto com o Ministério Público Federal, em São Paulo.

Após as revelações, projetos de metrô e monotrilho na Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal serão investigados. A fase mais ativa do cartel ocorreu entre 2008 e 2014, principalmente devido às obras do PAC, da Copa do Mundo de 2014, e os Jogos Olímpicos do Rio.

Segundo os empreiteiros, o objetivo nos acordos era "compor um acordo em uma licitação específica e influenciar a adoção de conduta comercial uniforme entre as concorrentes." De acordo com a documentação apresentava, haveria indícios de irregularidades nas linhas 2 (verde) e linha 5 (lilás), de São Paulo. Para outras oito licitações realizadas entre 2008 e 2013, teriam havido acordos, contudo eles não teriam sido concretizados. Eles dizem respeito a projeto de trecho paralelo à Raposo Tavares (futura linha 22) e projeto na região M'Boi Mirim, ambas no monotrilho de São Paulo; expansão dos metrôs de Brasília e de Porto Alegre; implantação dos metrôs de Belo Horizonte e de Curitiba; linha 3 do metrô do Rio de Janeiro e linha leste do metrô de Fortaleza.

Ainda segundo a documentação, teria havido tentativa de acordo entre 2010 e 2014 para a linha 15-prata-expresso Tiradentes e linha 17-ouro, ambas do monotrilho de São Paulo; linha 15-branca-trecho Vila Prudente/Dutra e linha 6, ambas do metrô de São Paulo; e linha 4 do metrô do Rio de Janeiro.

Além da Camargo Corrêa, haveria ainda a participação da Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Carioca, Marquise, Serveng e Constran. Outras dez construtoras também são suspeitas de participação: Alstom, Cetenco, Consbem, Construcap, CR Almeida, Galvão Engenharia, Heleno & Fonseca, Iesa, Mendes Junior e Siemens.

As suspeitas sobre irregularidades em obras de metrôs foram levantadas na 23ª fase da Lava Jato, quando foi apreendido um documento intitulado "Tatu Tênis Clube", que se refere à máquina usada para fazer escavações de túneis. Naquele momento, somente Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão tinham autorização para usar o equipamento.