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'Não tenho ódio', diz vítima de crime que condenou Battisti

Condenado à perpétua, italiano diz ser alvo de perseguição

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O principal representante das vítimas dos ataques atribuídos ao italiano Cesare Battisti, o paraplégico Alberto Torregiani, afirmou que não "sente ódio e não busca vingança" pelo atentado que o deixou em uma cadeira de rodas há mais de 35 anos e matou o seu pai.    

Em entrevista à "BBC Brasil", o italiano disse que luta há anos para ver Battisti atrás das grades. "É uma questão de justiça.    Tento encontrar uma lógica para o fato de viver em cadeira de rodas por culpa de alguém".    Battisti vive no Brasil desde 2004 e foi condenado à prisão perpétua na Itália por envolvimento em quatro assassinados ocorridos na década de 1970.    

Torregiani tinha 15 anos quando foi baleado na coluna durante o ataque cometido por três integrantes da organização extremista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) - e que tinha como alvo o joalheiro Pierluigi Torregiani, pai de Alberto.    

Na ocasião, em 16 de fevereiro de 1979, o comerciante foi assassinado na presença de dois filhos em uma rua de Milão.    

Segundo a Justiça italiana, Battisti foi o mandante do crime.    

No mesmo dia, o italiano teria participado do assassinato do açougueiro Lino Sabadin. Na reivindicação pelas mortes, o grupo PAC disse que agiu para combater a "hegemonia do poder capitalista".    

Ainda em 1979, Battisti foi preso e condenado a 13 anos e 5 meses de prisão como mandante do homicídio de Torregiani, com base na delação de Piero Mutti, um ex-companheiro do grupo Além disso, Battisti também foi acusado de executar outras duas pessoas, o marechal da polícia penitenciária Antonio Santoro, ocorrido no dia 6 de junho de 1978, na cidade de Udine, e o policial Andrea Campagna, no dia 19 de abril de 1979, em Milão.    

Em 1981, o italiano fugiu da prisão, e em 1985, ele foi condenado, em segunda instância, a prisão perpétua. Em entrevista à ANSA, Battisti afirmou que "toda morte é lamentável", mas não faz sentido se desculpar por um crime que não cometeu. Ele ainda disse que sofre de perseguição política. 

"Numerosos políticos, policiais, carcereiros e outros membros do Estado italiano deixaram muito claro que querem que eu seja morto", acrescentou à ANSA. Atualmente Battisti tem o apoio de uma militância fiel que defende sua inocência e o ódio daqueles que exigem sua extradição. 

O italiano está no meio de uma polêmica, em que seu status de refugiado político concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na iminência de ser revogado pelo governo de Michel Temer.