Uma nova polêmica veio à tona na quarta-feira (18) envolvendo o composto alimentar apresentado pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), como carro-chefe de um programa municipal.
O produto, que ficou conhecido como "ração humana", foi alvo de críticas de diversos especialistas e nutricionistas. A discussão fez reaparecer nas redes sociais um vídeo de Doria gravado em 2007, época em que ele apresentava o programa de TV O aprendiz.
No vídeo, Doria afirma que "gente humilde" não possui "hábito alimentar" e "tem que dizer graças a Deus" caso possa comer.
Presente na entrevista coletiva, o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, buscou amenizar as palavras do prefeito: "Pobre tem fome. Hábito alimentar é para quem tem disponibilidade de alimento e quem pode se dar ao luxo de ter uma alimentação regular, refeições regulares, alimentos selecionados. O pobre não tem isso (...). Quem se arrasta no chão por fome, eu vou deixar de atender a fome dele porque ele não está podendo sentar numa mesa bem posta? A necessidade é socorrer primeiramente a fome do pobre".
Doria disse não se lembrar do vídeo, mas corroborou a afirmação de Scherer e voltou a dizer: "Pobre não tem hábito alimentar, pobre tem fome".
Assista ao vídeo
O suplemento alimentar deverá ser incluído na merenda das crianças em escolas e creches públicas e nas refeições dos centros de acolhida de moradores em situação de rua.
O objetivo, segundo explicou, é evitar o desperdício de alimentos que ainda são próprios para o consumo e complementar — e não substituir — os alimentos in natura.
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