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MPF denuncia Nuzman e mais 5 por corrupção na Rio 2016

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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quarta-feira (18) o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas em decorrência das investigações sobre o esquema que revelou a compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.    

Além dele, mais cinco foram acusados de participarem da operação que envolveu o pagamento de propina de US$2 milhões para garantir a compra de pelo menos um dos votos que permitiu ao Rio ser eleito em 2009 para receber o evento esportivo.    

Entre os envolvidos estão o ex-governador do Rio de Janeiro Sério Cabral, o braço direito de Nuzman e ex-diretor de operações do COB, Leonardo Gryner, o empresário Arthur Soares e os senegaleses Papa Massata Diack, ex-dirigente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e Lamine Diack, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).    

De acordo com a denúncia, Cabral, Nuzman e Gryner solicitaram diretamente a Arthur o pagamento da propina, o que configura corrupção passiva. Por sua vez, a defesa de Cabral disse que é uma "sandice" imaginar que o governador teria condições de negociar a realização das Olimpíadas. Já os senegaleses teriam prometido beneficiar o Rio de Janeiro na eleição a troco de propina e ainda poderiam interceder para obter outros votos.    

O MPF esclareceu que, apesar de serem dirigentes de uma entidade esportiva privada, Nuzman e Gryner foram equiparados a funcionários públicos nas suas atividades. "Onde há recursos públicos, há exigências de transparência e existe responsabilidade daqueles que os administram. Por isso, podem ser responsabilizados penalmente quando atuarem contrariando o que manda a lei", explica a denúncia.    

Ainda de acordo com o documento, além da condenação pelos crimes tipificados, a denúncia pede a reparação por danos materiais no valor de R$6,34 milhões e de danos morais no valor de R$1 bilhão.    

Nuzman está preso no Rio de Janeiro desde 5 de outubro. Ele teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas por intermediar o pagamento de propina para que o Rio fosse escolhido como sede dos Jogos. No entanto, a defesa nega as acusações.    

O pedido de prisão foi decretado porque no mês passado houve uma tentativa de ocultação de bens, após a Polícia Federal cumprir mandado de busca na casa de Nuzman. Entre os bens ocultados teria valores em espécie e 16 quilos de ouro, que estariam em um cofre na Suíça.    

A operação é um desdobramento da ação batizada "Unfair Play", uma menção a "jogo sujo". Em março, uma reportagem do jornal francês "Le Monde" denunciou que, três dias antes da escolha da cidade sede para as Olimpíadas de 2016, houve o pagamento de propina a dirigentes do Comitê Olímpico Internacional.    

O Ministério Público Federal aponta "fortes indícios" de que Nuzman e Gryner "interligaram corruptos e corruptores" na compra de votos. O esquema de corrupção, segundo os investigadores, tem a participação do ex-governador. Já, o dinheiro teria vindo do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, conhecido como Rei Arthur. A família do senegalês Lamine Diack, que na época era presidente da Federação Internacional de Atletismo e membro do COI, teria recebido US$ 1,5 milhão do "rei Arthur".