Diante do vendaval provocado pela divulgação da delação do doleiro Lúcio Funaro e às vésperas da votação da segunda denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Michel Temer escreveu uma carta que será enviada aos deputados nesta segunda-feira (16).
Temer inicia a carta demonstrando indignação com as acusações de Funaro e com o teor que embasa a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), afirma que tem "sido vítima desde maio de torpezas e vilezas" e acrescenta que não pode "silenciar".
Ainda segundo o presidente, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot esteve, no comando do Ministério Público Federal (MPF), obstinado a incriminá-lo e teria, ainda segundo Temer, rejeitado a delação de Eduardo Cunha (PMDB), atualmente preso em Curitiba, porque o depoimento do ex-deputado não o citava. Janot teria, então, recorrido a Funaro. O doleiro relaciona Cunha a Temer.
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Temer declara, no documento enviado aos deputados que votarão sua denúncia, que a carta é um "desabafo" e que "mentiras, falsidades e inverdades" sobre ele estão sendo desmontadas. O peemedebista também acena a deputados e senadores, creditando ao Congresso Nacional "a retomada do crescimento no país".
Ao longo de quatro páginas, Temer cita os áudios das conversas entre os dirigentes da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud e diz que neles fica claro que o objetivo era derrubar o presidente da República e chama Funaro de delinquente. “Agora trazem de volta um delinquente conhecido de várias delações premiadas não cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos”, defende na carta.
A partir desta terça-feira (17), os deputados se concentrarão na análise, discussão e votação na CCJ da Câmara da denúncia contra Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. O parecer sobre a peça foi apresentado na última terça-feira (10) pelo relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendou a rejeição do prosseguimento da denúncia, afirmando que ela se baseia em “delações espúrias, sem credibilidade não havendo justa causa para o prosseguimento da ação penal”.
Com Agência Brasil