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Decisão de Temer sobre Battisti gera expectativa na Itália

Ministro disse que foram feitos todos os passos para extradição

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O ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, afirmou nesta quinta-feira (12) que foram concluídos todos os passos necessários para a extradição de Cesare Battisti, que foi condenado no país europeu à prisão perpétua por terrorismo e quatro assassinatos e vive sob a condição de refugiado no Brasil.

À margem de uma reunião do Conselho Europeu de Justiça e Assuntos Internos, Orlando foi perguntado se todas as etapas que cabem ao governo italiano já haviam sido concluídas. "Absolutamente sim", respondeu, antes de acrescentar que "este não é o momento de comentar, mas sim de trabalhar com grande determinação".

A declaração foi dada no dia seguinte à revelação, pelo jornal "Folha de S. Paulo", de que o presidente Michel Temer decidiu revogar a condição de refugiado de Battisti, o que abriria caminho para sua extradição, que só poderia ser evitada por um habeas corpus preventivo do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o diário, a estratégia do Planalto é aguardar a decisão do STF antes de o peemedebista assinar o decreto. O pedido de habeas corpus foi impetrado pela defesa do italiano após as notícias de que Roma solicitara a reabertura do processo de expulsão.

O caso está na mesa do ministro Luiz Fux, que ainda não informou se levará o caso a seus colegas ou se decidirá de forma monocrática. "Agora devemos apenas exprimir respeito pela decisão do presidente brasileiro e por sua avaliação, que esperamos com grande confiança", declarou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Angelino Alfano.

Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", agentes da Polícia Federal mantêm Battisti sob monitoramento em Cananéia, cidade do litoral sul paulista onde ele reside. Na semana passada, o italiano foi pego tentando entrar na Bolívia com o equivalente a R$ 23 mil em moeda estrangeira e acabou preso sob a acusação de evasão de divisas.

Libertado dois dias depois, Battisti negou a suposta tentativa de fuga e disse que queria ir ao país vizinho para "comprar roupas de couro".

Ex-membro da milícia de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), o italiano foi condenado em seu país à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 1970 e envolvimento com o terrorismo, mas, alegando perseguição política, fugiu para não ir à cadeia.

Como foragido, Battisti passou por França e México, antes de chegar ao Brasil, onde quase foi extraditado por decisão do Supremo. No entanto, um decreto assinado por Luiz Inácio Lula da Silva no último dia de seu segundo mandato como presidente deu ao italiano a permissão para ficar no país.