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'Clarín': Aumentam rumores sobre "intervenção militar" no Brasil

Jornal fala sobre nova tempestade política para Michel Temer

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Matéria publicada nesta sexta-feira (22) pelo jornal argentino Clarín conta que uma forte tempestade política é novamente acionada em Brasília. Em uma votação inédita, 10 dos 11 membros do Supremo Tribunal decidiram que Michel Temer deve mais uma vez enfrentar uma votação na Câmara dos Deputados. Como aconteceu no último 2 de agosto, exatamente a 50 dias, o presidente terá que esperar que os deputados decidam se autorizam o judiciário a investigar ele por crimes de corrupção e associação ilegal. Se o aceitarem, Temer deve deixar o governo e aguardar julgamento. Hoje, no entanto, a cena é muito mais ameaçadora do que há um mês e meio, quando os legisladores o salvaram.

Para começar, a correlação de forças no Supremo Tribunal (STF) revela que os juízes não querem ver sua imagem deteriorada, nem para o seu próprio futuro, nem para os cidadãos que ficam surpresos com as acusações de crimes contra grande parte do partido do presidente. O único que foi encorajado a levantar a mão em favor de Temer foi o juiz Gilmar Mendes, um amigo que se declarou aliado, enfatiza Clarín.

Alguns fatores adicionam tensão nesta nova acusação. O presidente da Câmara Rodrigo Maia expressou uma grande insatisfação com o governo e disse que ele pessoalmente e seu partido (os democratas) estão "profundamente irritados" com Temer e o PMDB (o partido do governo). Isso pode insinuar um voto "muito difícil" entre os parlamentares, que inaugurará uma fase de turbulência profunda se o presidente não conseguir permanecer no cargo. Mas há outro fato adicional. Nem mesmo os juízes que foram nomeados pelo chefe de Estado, como é o caso de Alexandre de Moraes, ficaram ao seu lado. Além disso, a nova procuradora-geral Raquel Dodge foi a favor da denúncia contra Temer. Outro elemento foi adicionado para obscurecer o panorama já sombrio: uma nova delação, a do operador financeiro Funaro - que atuou exclusivamente para o PMDB - denunciou que Temer foi um dos grandes destinatários das propinas que seu partido recebeu.

Para complicar ainda mais a situação frágil, na quinta-feira, as repercussões de discursos dos chefes do exército em favor da "intervenção militar" se multiplicaram se a justiça não "remover" do governo "elementos corruptos", destaca o Clarín. 

O general Antonio Martins Mourao, secretário de finanças da força, disse na última sexta-feira que a Constituição cobre a ação das Forças Armadas nesses casos. Além disso, ele esclareceu que sua ideia foi compartilhada pelo comando e mencionou a existência de "planejamentos bem mapeados" para essa medida de emergência.

Longe de ser questionado pelo Comandante Geral Eduardo Villas Boas, o general decidiu "perdoar" o oficial. Ele disse, em uma entrevista que a "intervenção militar" é constitucionalmente justificada em caso de caos no país. Nos setores médios da população que são sufocados pela crise econômica, o apoio aos militares cresce, finaliza.

>> Clarín