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Advogado nega intermediação de compra de terreno para o Instituto Lula

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Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato na primeira instância, o advogado Roberto Teixeira negou nesta terça-feira (19) que tenha intermediado a negociação da compra de um terreno por parte da construtora Odebrecht que seria usado como sede para o Instituto Lula.

Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras seis pessoas, Teixeira é réu na Lava Jato na ação que investiga a suspeita de que a Odebrecht tenha adquirido imóveis para o petista com recursos desviados de contratos superfaturados da Petrobras. Além do terreno que seria usado com sede do Instituto Lula, o processo trata da compra de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP), vizinho ao que o ex-presidente mora desde 2002.

No depoimento, Teixeira disse que atuou como advogado de Glaucos da Costa Marques, também réu na ação penal, na compra e venda do terreno à empresa DAG.

“No momento em que lavrou-se a escritura em favor da DAG nunca mais tive qualquer relação com esse terreno e nesse negócio. Fui até o momento da lavratura da escritura. Ali, findou-se o meu trabalho jurídico, que era o que me ligava a esse assunto”, disse Teixeira a Moro. “O Instituto Lula só está relacionado à minha pessoa por conta desse trabalho jurídico que fiz nesse imóvel. Se não fosse isso, estaria fora”, acrescentou o advogado.

Teixeira disse que, em 2010, recebeu a informação sobre o terreno por meio de uma corretora amiga e que o imóvel poderia ser um bom negócio. Posteriormente, em março do mesmo ano, foi procurado pelo pecuarista José Carlos Bumlai para prestação de serviço de consultaria sobre imóveis, entre os quais o que é alvo da ação penal.

Devido ao interesse do pecuarista, Teixeira disse ter apresentado um documento de opção de compra e que depois o terreno foi comprado pelo sobrinho, Glaucos da Costa Marques. Sobre a participação da Odebrecht na negociação do terreno, Teixeira disse ter ouvido de um executivo da empreiteira que a construtora estava disposta a comprar o imóvel.

“A única coisa que eu soube é que o Paulo Melo, nessa OR [Odebrecht Realizações], que era o braço imobiliário deles, que havia entrado em contato conosco e, na hora, eles indicaram essa empresa DAG para poder lavrar os documentos”, descreveu Teixeira.

Apartamento

Sobre o apartamento vizinho ao que mora o ex-presidente Lula, Teixeira disse que indicou a compra dele a Glaucos da Costa Marques como investimento. Isso porque os responsáveis pelo espólio do antigo dono do imóvel manifestaram ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) a intenção de vendê-lo. Na época, o GSI alugava o apartamento para uso dos policiais que faziam a segurança de Lula.

“Eu auxiliei ele [Glaucos] juridicamente. Entrei em contato com o advogado do espólio locador, estabelecemos negociações jurídicas necessárias para a aquisição. Foi feito uma sessão de direitos em favor do Glaucos”, disse Teixeira.

Depois que Glaucos comprou o apartamento, ele manteve o imóvel alugado ao GSI e depois a Lula, quando o petista deixou à presidência. Perguntado por Moro sobre o pagamento dos alugueis por parte de Lula, Teixeira disse não ser responsável pela administração do imóvel. O Ministério Público suspeita que Glaucos tenha sido usado como “laranja” para ocultar a verdadeira titularidade do apartamento.

“A minha atuação foi como advogado. Somente como advogado. Não sou gestor, administrador. Sou amigo e tão somente amigo. A amizade não estende para essas outras informações todas”, afirmou.

Além de Lula e Teixeira, também são réus no processo o ex-ministro Antonio Palocci, o assessor do ministro Branislav Kontic, Paulo Melo, Demerval Galvão, Glaucos da Costa Marques e Marcelo Odebrecht. A ex-primeira-dama Marisa Letícia também constava na denúncia, mas teve o nome retirado após a morte dela.

Há duas semanas, Palocci, que negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, disse que Lula foi beneficiado pelo esquema de propina por parte da Odebrecht e que o ex-presidente teria feito um “pacto de sangue” com Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da empreiteira. Lula e seus advogados negam as acusações.