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Acreditar nos áudios é acreditar "em conversa de bêbados", diz Joesley à PGR

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O empresário Joesley Batista, da JBS, afirmou durante depoimento na quinta-feira (7) à Procuradoria-Geral da República (PGR), que acreditar no conteúdo da conversa gravada entre ele e o diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud, é como acreditar em uma "conversa de bêbados."

Joesley Batista prestou depoimento por três horas, em Brasília. Em seguida, prestou depoimento Ricardo Saud. Os dois chegaram por volta das 10h ao aeroporto internacional de Brasília, em um jatinho particular para prestarem depoimento. 

Segundo interlocutores, Joesley Batista teria ainda negado ter recebido orientações do ex-procurador Marcelo Miller para negociar seu acordo de delação premiada. Joesley também teria negado ter sido orientado por Miller para gravar o presidente Michel Temer no Jaburu, no encontro do dia 7 de março.

O advogado da empresa, Francisco de Assis, que também é delator, foi o primeiro a chegar e a depor. De acordo com a assessoria da J&F, nenhum deles falará com a imprensa.

Os três delatores foram convocados para esclarecer o teor das conversas gravadas em novo áudio entregue à PGR na última semana.

Nos diálogos, os executivos citam políticos, ex-ministros e até ministros do Supremo Tribunal Federal. Eles também chegam a afirmar que o ex-procurador Marcelo Miller, que participou do acordo de delação, atuou para beneficiar os executivos.

A PGR suspeita que Miller tenha atuado como agente duplo. O depoimento do ex- procurador está marcado para esta sexta-feira (8).

Após receber os áudios, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou investigação para apurar as suspeitas e anunciou que reveria o acordo de delação premiada assinado com os executivos.

Uma das possibilidades é que, após ouvir os executivos, Janot suspenda os benefícios da delação premiada. Entre os principais benefícios, eles não seriam indiciados criminalmente pelos crimes relatados. Janot pode pedir também a prisão dos delatores se entender que eles mentiram na delação. Em coletiva de imprensa no início da semana, Janot afirmou que, mesmo cancelado o acordo, as provas obtidas têm validade.

A tese foi rebatida pelo advogado do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz. A decisão final da validade das provas deve ficar com o Supremo Tribunal Federal.

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