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Reserva ambiental: Fafá de Belém comemora decisão da Justiça, mas cobra diálogo

"Qualquer decisão deve ser tomada à luz do dia, de forma decente, e não com canetada"

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A cantora Fafá de Belém, que havia divulgado um manifesto contra a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), comemorou, nesta quarta-feira (30), a decisão da Justiça Federal do Distrito Federal de suspender o decreto do governo federal.

"Vejo com muita alegria esta decisão", disse Fafá, enfatizando porém que, a partir de agora, qualquer decisão deve ser tomada "de forma decente, à luz do dia" e com "diálogo". 

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"É preciso parar para discutir com a sociedade. Não se pode tomar uma decisão de extinguir uma reserva ambiental na madrugada, com uma canetada", criticou a cantora.

Fafá destacou que é preciso ouvir "o povo da Amazônia, o ribeirinho, pessoas que têm realmente a preocupação com o meio ambiente." "Quando eu era criança", prosseguiu, "a gente aprendia que a Amazônia era o pulmão do mundo. Hoje, este pulmão está doente."

A cantora lembrou ainda que, de uma forma geral, as explorações nas grandes áreas de florestas do Brasil precisam ser revistas. "Há uma imensa devastação, como na construção das hidrelétricas, e depois não há nenhum trabalho de recuperação. No entorno destas grandes obras, como também no caso da exploração de minérios, há uma grande degradação do entorno não apenas no aspecto ambiental, mas no social, como na proliferação da prostituição."

Fafá lembra ainda que a arrecadação de impostos não se reverte para a recuperação destas regiões. "Todo minério escoa pelo porto do Maranhão e os impostos são recolhidos lá. Depois, fica um buraco."

Veja o manifesto que havia sido publicado por Fafá de Belém

Mudanças

Na segunda-feira (28), o governo federal anunciou a edição de um novo decreto com as regras para a exploração e mineração na extinta reserva. O decreto da última quarta-feira (23) previa a extinção da Renca e a permissão para a exploração mineral na região, que fica entre os estados do Amapá e do Pará, criada em 1984 e que tem mais de 4 milhões de hectares, uma área equivalente ao tamanho da Dinamarca ou do estado do Espírito Santos.

O decreto publicado no dia 23 será revogado, mas a extinção da reserva segue mantida. O local possui potencial de exploração de minérios como ouro, ferro, manganês e tântalo. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a medida anunciada nesta segunda-feira servirá para esclarecer as regras para a exploração e para preservar as reservar ambientais e indígenas.