Mais uma fase da Operação Lava Jato foi deflagada nesta quarta-feira (23) pela Polícia Federal (PF). Desde cedo, equipes da PF cumprem mandados judiciais em Brasília, Salvador e em Cotia, em São Paulo. O advogado Tiago Cedraz – filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU) – é um dos alvos de busca. Ao todo, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos na atual fase.
A 45ª fase é chamada de Abate 2. Ela é um desdobramento da 44ª fase da Lava Jato, em que foi preso o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza. A investigação segue a mesma linha de atuação criminosa revelada na última etapa.
Confira o despacho da operação
Segundo as investigações, o lobista Jorge Luz, que está preso em Curitiba, afirmou em depoimento que Tiago Cedraz intermediou conversas entre a empresa norte-americana Sargeant Marine e a Petrobras e que ele teria recebido US$ 20 mil por isso. Ainda segundo as investigações, Cedraz teria recebido os recursos em contas mantidas na Suíça em nome de offshores.
O ex-deputado federal Sérgio Tourinho Dantas também é um dos alvos da operação. Ele e Tiago foram sócios do escritório Cedraz & Tourinho Dantas.
Dois advogados e uma assessora do ex-deputado Cândido Vaccarezza foram os alvos. Ao serem interrogados, os operadores Jorge Luz e Bruno Luz disseram que os advogados Thiago Cedraz e Sérgio Dantas participaram das tratativas para contratação da Sargeant Marine pela Petrobras. Ainda segundo os depoimentos, os advogados receberam comissões das propinas pagas pela empresa dos Estados Unidos.
Em nota, o advogado afirmou "sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita". Ainda segundo a nota, Cedraz afirma que "confia na apuração conduzida pela Força Tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários".
De acordo com a PF, novos elementos colhidos na investigação policial indicam que dois advogados participaram de reuniões nas quais "o esquema criminoso, com o pagamento de propinas a agentes da estatal, teria sido planejado”. Foi identificada a participação de suspeitos que atuaram junto a Petrobras para favorecer a contratação de empresa privada e remunerar indevidamente agentes públicos.
“Paralelamente teriam recebido comissões pela contratação de empresa americana pela empresa petrolífera, mediante pagamentos em contas mantidas na Suíça em nome de empresa off-shore. Também se detectou a participação de ex-deputado federal e sua assistente na prática dos crimes e no recebimento de pagamentos indevidos”, diz ainda a nota divulgada pela PF.
A Operação Abate II também investiga a participação de uma assessora de Vaccarezza Ana Cláudia de Paula Albuquerque, suspeita de atuar em favor da Sargeant Marine e de ter recebido parte das propinas destinadas ao ex-deputado.