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'El País': O Supremo e a farsa do amianto

"Não se iludam, é uma disputa de negócios", diz artigo de Eliane Brum

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Artigo de Eliane Brum publicado nesta quinta-feira (10) pelo jornal espanhol El País afirma que o julgamento sobre o uso do amianto ou sua extinção é mais um capítulo de uma história sórdida que um dia poderá se tornar uma série policial de TV ou um thriller de suspense no cinema, daqueles cheios de vilões de terno e sorrisos corrigidos em dentistas. 

Para a autora, aqueles que o assistirem poderão pensar, como acontece quando assistimos a filmes que narram atrocidades históricas: como os cidadãos deste país permitiram que isso acontecesse? Mas é isso, não só deixamos acontecer, no passado, como segue acontecendo, no presente.

Eliane descreve que a história do amianto – também conhecido como asbesto – é marcada por falsificações, chantagens, ameaças e mortes de trabalhadores e de familiares de trabalhadores. Uma farsa do século 20 que no Brasil se estendeu para o século 21 porque uns poucos ainda faturam com a morte de muitos. 

Ela ressalta que estes poucos que faturam têm dinheiro para pagar grandes escritórios de advocacia, consultores influentes, cientistas de universidades importantes, que torturam primeiro a ética, depois a ciência, assim como financiar vereadores, prefeitos, deputados e senadores, lobistas e vendilhões de todo o tipo.

"Não se iludam, é uma disputa de negócios", diz o texto. Neste momento, até as pedras sabem que o amianto terminará por ser banido no Brasil. Mas o xadrez segue sendo jogado, parte dele como encenação, para que a indústria consiga as melhores condições e perca o menos possível – e para que a indústria se responsabilize o menos possível pelas vítimas humanas e pela corrosão do meio ambiente. 

"Quando o amianto for banido, milhares de vidas já terão sido exterminadas e durante décadas outros milhares poderão morrer", finaliza.

> > El País