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'Sentença que condenou Lula vai entrar para a história', diz presidente do TRF-4

Thompson Flores chama decisão de Moro com a do caso Herzog: ‘Tecnicamente irrepreensível’

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Para o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, a sentença em que o juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, “é tecnicamente irrepreensível, fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos e vai entrar para a história do Brasil”, disse ele em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.

O TRF-4 é a segunda instância de julgamento dos recursos da operação Lava Jato, responsável por analisar a apelação da defesa do ex-presidente contra a sentença do juiz Moro. A apelação será julgada pela Oitava Turma do tribunal, composta por três desembargadores.

Para o desembargador, a decisão de Moro é comparável à sentença que o juiz Márcio Moraes proferiu no caso Vladimir Herzog - em outubro de 1978, quando condenou a União pela prisão, tortura e morte do jornalista. “Tal como aquela, não tem erudição e faz um exame irrepreensível da prova dos autos”, disse. E sobre a sentença, complementou: “Gostei. Isso eu não vou negar.”

Apesar de negar que confirmaria a sentença por não ter lido a prova dos autos, ele afirmou que “o juiz Moro fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos. [...] É uma sentença que vai entrar para a história do Brasil. E não quero fazer nenhuma conotação de apologia. Estou fazendo um exame objetivo.”

No entanto, complementou: “Eu digo, em tese: se eu fosse integrante da Oitava Turma, e se estivesse, depois do exame dos autos, convencido de que a sentença foi justa, eu teria muita tranquilidade em confirmar.”

Flores discorreu também sobre as possibilidades do julgamento da apelação da defesa: não só confirmação ou reforma da sentença, mas sua anulação, seja pela Oitava Turma do Tribunal, seja pelos tribunais superiores (STF e STJ), em relação à segunda instância. “Será um julgamento isento, discreto, com a imparcialidade que requer”, disse.

“A justiça não pode e não deve estar a serviço de ideologias políticas, de paixões partidárias, e, inclusive, de paixões populares”, afirmou ao jornal. Ele também fez comentários sobre a operação Lava Jato: “Ela mostrou que O Brasil chegou a um nível inaceitável de corrupção. Mas não cabe ao Poder Judiciário regenerar moralmente uma nação”.

De acordo com ele, durante o julgamento de Lula, Sergio Moro foi “cordial”. “Da parte do juiz eu não notei agressividade, pelo contrário. Ele foi muito cordato quando interrogou o ex-presidente, até na abertura, quando disse que não cogitava da prisão dele, como se poderia pensar. Deixou o ex-presidente bem à vontade.”