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Empresários inventaram a palavra propina para tentar culpar os políticos, diz Lula

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (24), em entrevista concedida à rádio Tiradentes, do Amazonas, que o setor empresarial, com o aval do Ministério Público, "inventou' a palavra "propina" para "tentar culpar" os políticos em esquemas de corrupção no país. 

"Por tudo o que leio na imprensa, os empresários sempre deram dinheiro para campanha. Eu não conheço um político em Manaus ou em São Paulo que vendeu a casa para ser candidato. Todos eles pedem dinheiro para empresário, a vida inteira, desde que foi proclamada da República. A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então ficou tudo criminoso. Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito", declarou à rádio.

Lula lembrou do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Roussef, e admitiu que as ações da petista, em seu segundo mandato, teriam sido diferentes do prometido em campanha. Mas ressaltou que as divergências políticas entre o partido e aliados deram espaços a um "erro histórico" cometido contra Dilma.

"É por isso que nessas eleições de agora (2018) eu pedi para que o PT saísse separado para demarcar um pouco o nosso discurso. Porque pode dar a impressão de que está todo mundo na mesma bacia e não é verdade. É preciso que a gente mostre diferença política nesse momento", afirmou.

Sobre a condenação a nove anos de prisão na Lava Jato, pelo caso do triplex do Guarujá, Lula afirmou que vai entrar com um recurso ainda nesta segunda, em Porto Alegre, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). 

O petista teve mais de R$ 600 mil em bens confiscados pelo juiz Sergio Moro na última semana, além do sequestro de R$ 9 milhões em planos de previdência privada, também por determinação do juiz. O petista disse ser “um homem controlado” para falar dos processos pelos quais responde.

"O dia que você for acusado de ladrão, que te acusarem de lavagem de dinheiro, o dia em que seu neto vier perguntar se é verdade o que estão falando, você vai ser muito mais duro do que eu. Vai ficar com muito mais raiva do que eu, porque eu sou um homem controlado. Eu tenho noção de responsabilidade, eu sei o que eu sou, o que tenho nesse país. Não posso permitir que nenhum brasileiro tenha autoridade para me chamar de ladrão ou de dizer que pratiquei lavagem de dinheiro", disse.