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Após tensão, líder do governo diz que Maia e Temer têm "maturidade" para evitar racha

Jantar na noite de terça-feira tentou amenizar clima de disputa

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Na tentativa de superar os desencontros surgidos nos últimos dias, o presidente Michel Temer jantou na noite de terça-feira (18) com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), na residência oficial da Casa Legislativa. Na pauta, o prato principal foi a disputa entre o PMDB e o DEM dos cerca de dez deputados que podem deixar o PSB nos próximos dias e migrar para um dos partidos.

No que o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que participou do jantar, chamou de “reunião entre amigos”, foi servido filé, frango, purê e vinho argentino. O jantar terminou às 23h e o presidente saiu sem falar com a imprensa. O jantar durou pouco mais de duas horas e o clima entre Temer e Maia, segundo o ministro, foi “ótimo”.

O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), também presente ao jantar, negou que haja crise entre Temer e Rodrigo Maia, algo que vem sendo especulado entre os políticos. “O que existe é muito ruído, num momento como esse, que se tenta jogar as pessoas umas contra as outras. Mas a maturidade dos dois não permite que esse desencontro comprometa a relação”.

Reforma

Ao deixar o jantar, Imbassahy afirmou que o principal tema do encontro foi a reforma da Previdência, “Discutimos a Reforma da Previdência, [porque] precisamos fazer uma avaliação [sobre a reforma]; a questão da sistematização e simplificação do sistema tributário; os sistemas de previdência e saúde. Foi uma reunião muito proveitosa”, disse.

“Tivemos uma reunião hoje no Palácio do Planalto e [foi informado que] o rombo da Previdência previsto para o ano que vem é de R$ 200 bilhões. Isso está constrangendo o orçamento, dificultando investimentos e até trazendo problemas para a prestação de serviço. Então, esse assunto tem que ser encarado com muita realidade”, acrescentou o ministro.

Disputa

Na manhã de terça-feira (18), diante da informação de que o DEM estava articulando a filiação dos parlamentares do PSB, Temer teve um encontro fora da agenda oficial do Palácio do Planalto com a líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS). Após a reunião, a parlamentar seguiu para uma conversa reservada com Rodrigo Maia. A assessoria da liderança confirmou que Temer perguntou sobre a possível saída de parlamentares para outros partidos da base aliada, como o DEM e o PSDB. A líder respondeu ao peemedebista que está trabalhando para solucionar as divergências entre os integrantes da bancada e a direção nacional do partido.

A liderança avaliou que a tentativa de reaproximação de Temer com o PSB não significa um realinhamento do partido com a base aliada. Em maio deste ano, a Executiva Nacional do PSB decidiu romper com a base governista depois da divulgação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do conteúdo das delações dos empresários da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato, em que Michel Temer é acusado de participar de um esquema de pagamento de propina e troca de favores com os delatores.

A eventual derrota de Temer na tentativa de evitar a mudança dos parlamentares do PSB para o DEM elevaria o partido de Maia à quinta maior bancada da Câmara, atrás apenas do PMDB, PT, PP e PSDB. Por isso, segundo interlocutores, Temer vem travando uma batalha nos últimos dias, com a ajuda de aliados, para que os cerca de 10 deputados filiem-se ao PMDB. Ele tem o apoio de alguns dos líderes do DEM, enquanto outros preferem apostar na força de Rodrigo Maia.

Filho da ditadura militar e descendente do Arena, partido que deu sustentação aos presidentes dos chamados anos de chumbo, o DEM se refundou em 2007 e deixou para trás a sigla PFL (Partido da Frente Liberal). A mudança de nomenclatura não foi suficiente para que as crises ficassem no passado. Depois de perder mais de 15 parlamentares para o PSD, criado em 2011 pelo hoje ministro Gilberto Kassab, o DEM chegou a ser declarado um partido morto no Congresso Nacional e sua fusão chegou a ser cogitada com o PTB. A vitória de Rodrigo Maia para suceder Eduardo Cunha (PMDB) na Presidência da Câmara deu novo fôlego à sigla.

Mal-estar se agravou com declaração de Maia sobre Presidência da República

Em entrevista nesta segunda-feira (17) ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews, Maia negou estar motivado com a expectativa de se tornar presidente da República, mas admitiu que esta seria uma aspiração para o futuro. "A longo prazo, é óbvio que chegar onde cheguei já me coloca, daqui a duas, três eleições como uma alternativa [à Presidência]. Mas a curto prazo, acho que a presidência da Câmara já me dá a possibilidade de realizações que eu nunca imaginei que eu pudesse realizar", disse, despertando a desconfiança do Palácio do Planalto.

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