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'The Economist': Elite política do Brasil está mortalmente ameaçada

Artigo debate imparcialidade da Lava Jato após condenação de Lula

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Na edição impressa que chega ás bancas nesta sexta-feira (14) a revista britânica The Economist destaca a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro. 

Segundo a reportagem o atual estágio da Operação Lava Jato é crítico, não somente por conta da condenação do petista, mas também pelo início dos debates na CCJ da Câmara sobre a denúncia contra o presidente da República, Michel Temer.  

The Economist aponta que o establishment político está mortalmente ameaçado pelas movimentações para que as investigações na Operação Lava Jato sejam reprimidas. 

Texto explica que embora Lula permaneça livre enquanto recorre, a sentença torna mais difícil que ele concorra à presidência novamente em 2018 e intensifica debate sobre imparcialidade da Lava Jato, comparando a operação com "caça às bruxas". 

A revista aponta que 157 pessoas foram condenadas até agora, enquanto o STF autorizou a investigação de dezenas de membros do congresso e ressalta que para chegar até onde chegou, os promotores usaram técnicas novas no Brasil, se referindo a prisão preventiva e a delação premiada, como forma de extrair confissões e provas que levaram a acusações contra alguns dos empresários e políticos mais proeminentes do país. 

The Economist observa que os críticos alegam que, com essa atuação, a presunção de inocência é perdida, ao mesmo tempo em que destacam a instabilidade política causada pelas operações e contesta o acordo entre o Ministério Público e os irmãos Batista, da JBS, que foi visto como muito brando, enquanto a Polícia ainda não conseguiu comprovar muitas acusações feitas em delações da Odebrecht. 

O noticiário critica o vazamento seletivo de delações, observando que destrói reputações, mesmo que a inocência seja posteriormente confirmada, mas defende que por outro lado a Lava Jato revelou uma transgressão generalizada e reverteu uma prática de longa data no Brasil de não punir o crime de colarinho branco. 

The Economist comenta que qualquer estabilidade que Temer possa oferecer é falsa ou carrega um preço inaceitável se ele cometeu efetivamente um crime. Ela lembra que o Congresso debateu - mas ainda não aprovou - um projeto de lei que puniria juízes e procuradores pelos ditos "abusos". Este mês, a polícia federal fundiu sua força tarefa dedicada à Lava Jato com a Operação Carne Fraca, o que levantou temores de que a operação pudesse ser liquidada. 

The Economist ressalta que a operação deve prosseguir por que se terminasse agora, Lula estaria certo em alegar que ela é parcial. A opinião pública permanece de olho na Lava Jato, então é improvável que os esforços para barrá-la sejam bem-sucedidos. Muitos brasileiros veem a chance de um país melhor como conclusão das investigações. Nisso, eles certamente estão certos, finaliza.

> > The Economist

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