ASSINE
search button

"Fui vítima de uma armadilha", diz Aécio Neves em volta ao Senado

Tucano negou crimes, atacou Joesley Batista e elogiou o ministro Marco Aurélio Mello

Compartilhar

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um pronunciamento na tribuna do Senado nesta terça-feira (3), dia de seu retorno ao Congresso após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, suspender a decisão que o afastava do mandato. O tucano falou que viveu "dias tormentosos", mas que em nenhum instante perdeu "a serenidade o equilíbrio." Ele negou que tenha cometido crimes, atacou Joesley Batista e elogiou Marco Aurélio Mello.

"Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho dizendo ao longo das últimas longas semanas. Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e tampouco atuei para obstruir a justiça. Fui vítima de uma armadilha engendrada por um criminoso confesso cujas penas passariam de mais de 2 mil anos de cadeia", destacou o senador, referindo-se ao empresário Joesley Batista, da JBS. Aécio reforçou que o dinheiro pedido por sua irmã Andrea Neves a Joesley se destinava à compra de um apartamento. "Tratou-se de um negócio entre pessoas privadas."

Aécio elogiou a decisão de Marco Aurélio Mello. "Foi o ilustre ministro Marco Aurélio que, em sua decisão, tratou de trazer luzes ao que diz a Constituição. Mostrar com clareza didática que medidas cautelares representam grave violação de princípios constitucionais", reforçou.

O senador se disse vítima de "julgamentos apressados". "Tentaram execrar-me junto à opinião pública. Fui vítima de julgamentos apressados, inclusive nesta Casa, por alguns poucos que parecem não se preocupar com direitos individuais. Mas não carrego mágoas nem ressentimentos. Trabalho para frente. Trabalho para construir o futuro", reforçou, acrescentando: "Não cheguei ontem à vida pública. Sempre atuei na defesa do interesse público." 

O tucano admitiu que errou, mas disse que o erro foi ter se deixado envolver por Joesley Batista. "Errei por me deixar envolver nessa trama ardilosa", disse, comentando ainda as gravações em que aparece falando palavrões. "Vocabulário que não me é comum".

Ao concluir seu discurso, Aécio Neves afirmou que vai continuará trabalhando para que o Brasil supere as dificuldades econômicas e sociais.

Denúncia no STF

Aécio retornou às atividades após a decisão monocrática de Marco Aurélio Mello, na última sexta-feira (30), de suspender a ação que havia afastado o tucano do cargo.

O senador mineiro foi denunciado no Supremo pelos crimes de corrupção e obstrução de justiça, no âmbito das delações de executivos da JBS e que envolvem também o presidente Michel Temer.

Aécio estava afastado do cargo desde o dia 18 de maio, por determinação do relator do caso, ministro Edson Fachin, do STF, que havia acatado o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na ocasião da denúncia, Janot pediu também a prisão preventiva de Aécio, para que o senador não atrapalhasse as investigações, dentre as quais o pedido de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista para pagar advogados de defesa na Lava Jato.

Ao suspender a decisão de Fachin, o ministro Marco Aurélio ressaltou que Aécio tem "uma carreira política elogiável", além de "fortes elos com o Brasil".

>> Aécio Neves diz que vive situação 'kafkiana'

>> Ex-PSDB, Alexandre de Moraes é novo relator de inquérito de Aécio Neves

>> Gilmar diz que não se sente “nada impedido” em relatar inquérito contra Aécio

>> Aldo Fornazieri afirma que só resta ao STF prender Aécio Neves

>> Em gravação, Perrella cita a Aécio episódio de helicóptero com cocaína

>> Áudio mostra Aécio dando bronca em Perrella por declaração "escrota"

>> Advogado de Aécio diz que decisão restabelece soberania da Constituição