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Torquato diz que especulações sobre saída de chefe da PF são uma 'pós-verdade'

Contudo, ministro da Justiça não afirmou que Daiello permanecerá no cargo

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Neste sábado (24) o ministro da Justiça, Torquato Jardim, fez um breve pronunciamento sobre as especulações com relação à saída do delegado Leandro Daiello da direção-geral da Polícia Federal. A entrevista foi concedida após uma reunião de Torquato com o próprio Daiello, em Brasília.

Torquato afirmou que as especulações são uma "pós-verdade", querendo dizer que a saída de Daiello estaria sendo anunciada antes de se tornar um fato. Contudo, o ministro não fez qualquer afirmação assegurando que o delegado permanecerá no cargo.

"O Ministério da Justiça e a Polícia Federal fazem questão de expressar à sociedade brasileira a sua absoluta harmonia na condução das duas instituições. O noticiário que está aí é, para usar um termo moderno, a pós-verdade. Não corresponde à realidade, não constrói afabilidade e não ajuda a boa condução dos interesses públicos", disse Torquato Jardim.

"O doutor Daiello e eu temos trabalhado desde que aqui cheguei na mais absoluta harmonia e camaradagem, ambos igualmente comprometidos com a instituição Polícia Federal. Não há nomes, há instituições. Não estamos preocupados com personalidades. Estamos comprometidos com a instituição. É preciso cobrir mais espaço do território. Seja para cada um dos crimes que mais preocupam a administração pública: drogas, armas, os crimes financeiros e o que começa agora que é o tráfico humano. Esse é o novo desafio, é o nosso compromisso institucional”, prosseguiu.

Torquato fez o pronunciamento tendo ao lado o próprio Daiello. O ministro terminou sua fala e se retirou, sem dar espaço para perguntas dos jornalistas. Em seguida, Daiello foi questionado pela imprensa se permanecerá no cargo, mas não respondeu. O diretor da Polícia Federal reforçou a declaração do ministro de que não se pode personalizar a atuação da PF, mas não esclareceu se fica ou não no cargo.

“Vamos ampliar a capacidade da Polícia Federal de ter uma inserção internacional para combater os crimes transnacionais e também com uma estratégia de proteção de fronteiras. Isto anda muito bem, anda em uma perspectiva institucional, não é uma perspectiva pessoal, não é o ministro, não é o Leandro [Daiello], são as instituições Ministério da Justiça e Polícia Federal que andam serenamente neste caminho”. O diretor também deixou o local sem responder a perguntas da imprensa.

Especulações

As especulações sobre a saída de Daiello da Polícia Federal aumentaram com o agravamento da situação do presidente Michel Temer nas investigações no âmbito da Lava Jato. O pronunciamento aconteceu no momento em que a Polícia Federal concluiu o inquérito que investiga Temer. Na sexta-feira (23), a PF anunciou que a perícia na gravação da conversa entre Temer e o dono da JBS, Joesley Batista não sofreu edição.

O Jornal do Brasil já havia alertado, semana passada, que o vazamento para a imprensa do depoimento de Joesley Batista poderia comprometer a direção da PF. "De acordo com informações dos meios políticos de Brasilia, este novo vazamento pode complicar a situação da diretoria." 

>> Vazamento do depoimento de Joesley pode comprometer direção da PF

A possível saída de Daiello da PF é apontada como uma suposta manobra para interferir na Operação Lava Jato. Um dos nomes cotados para assumir o cargo é o delegado Rogério Galloro. Segundo interlocutores, sua indicação teria sido feira pelo general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

>> Polícia Federal conclui que gravação com Temer e Joesley não sofreu edição

Na quinta-feira (22), Torquato se reuniu com sindicalistas e teria afirmado, segundo a Folha de S. Paulo, que fazia parte de seus planos trocar o diretor-geral. Na própria entrevista concedida por ocasião de sua posse como ministro, Torquato afirmou que uma eventual troca no comando da PF não significaria um freio à Lava Jato. "A Lava Jato é um programa de Estado, não é coisa de governo, nem do Ministério Público. O Brasil é institucional, não é personalista. Seja quem for, na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, o programa continuará. Ele não depende de pessoas", completou.

>> Torquato não descarta mudança no comando da Polícia Federal