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Joesley Batista diz que Temer tentou colocar José Yunes para defender J&F

Empresário prestou depoimento sobre irregularidades no BNDES

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O dono do grupo JBS, Joesley Batista, deixou no fim da tarde desta quarta-feira (21) a sede da Polícia Federal em Brasília após um depoimento que durou quase oito horas. Ele depôs aos delegados da Operação Bullish, que investiga irregularidades em aportes ao grupo concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Investigadores da Operação Greenfiel também participaram do depoimento, caso o empresário comentasse também as fraudes envolvendo grupos de pensão.

O depoimento começou às 9h30 e terminou pouco depois das 17h. De acordo com as investigações da Operação Bullish, o BNDES teria favorecido o grupo JBS, que atua no ramo de processamento de proteínas, em um esquema que envolveu – considerando todas as operações realizadas – cerca de R$ 8,1 bilhões. Os aportes ocorreram entre 2007 e 2011. Joesley não prestou depoimento quando a operação foi deflagrada, em 12 de maio, porque estava fora do país.

Joesley diz que Temer tentou colocar José Yunes para defender J&F

O empresário da JBS disse à PF que o presidente Michel Temer tentou colocar um de seus melhores amigos, o advogado José Yunes, para defender o grupo J&F em uma disputa judicial. O escritório de Yunes ganharia na causa cerca de R$ 50 milhões, segundo Batista. Amigo de Temer há cinco décadas, Yunes, porém, não fez a defesa do grupo de Joesley Batista e a ação judicial acabou ficando com o departamento jurídico da empresa.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo desta quarta-feira (21), a PF interceptou uma ligação telefônica em que Ricardo Saud, lobista da J&F, pede a uma pessoa para tirar o nome de Yunes da delação premiada que estava sendo negociada. Saud contratou uma pessoa, de nome Rodolfo, para pesquisar endereços de entregas de propina que estariam em sua delação.

"Sabe o que eu estava pensando? Naquele relatório... É... Você podia fazer para mim, que eu estou indo hoje para Nova York, para levar ele. Tira aquele negócio tudo que tem do Yunes...".

Ainda segundo a Folha, a conversa também faz referência ao coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, também amigo de Temer e apontado pela JBS como receptor de propina de R$ 1 milhão para o presidente da República.

"E põe só confirmando que nesse endereço mora... é o escritório de fulano de tal, põe tudo aquilo, amigo do cara, tal.... eu quero mostrar que você foi lá para mim e confirmar que lá era o coronel tal, tal, tal...", continua Saud, na conversa telefônica.

Assessor especial de Temer pediu demissão ao ser citado em delação da Odebrecht

Em dezembro do ano passado, José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República após ser citado na delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht. 

O executivo da Odebrecht, em delação vazada na última sexta-feira (9) e publicada pela revista Veja, revelou que parte do valor de R$ 10 milhões repassado pela empreiteira ao PMDB teria chegado às mãos do advogado José Yunes em seu escritório em São Paulo.

Segundo a revista Veja, a informação dá sustentação à possibilidade de que o dinheiro recebido pelo advogado poderia ter sido repassado para Temer. A suspeita se origina nas questões elaboradas pelos advogados do ex-presidente da Câmara dos Deputados e preso pela Lava Jato, Eduardo Cunha (PMDB).

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Quando Cunha listou Temer como uma de suas testemunhas de defesa, foram apresentadas 41 perguntas que deveriam ser respondidas pelo presidente. Segundo a revista, em uma das questões enviadas ao juiz Sergio Moro, os advogados de Cunha pediram que fosse perguntado a Temer se Yunes alguma vez providenciara contribuição para o PMDB ou para o próprio presidente.

A pergunta foi vetada por Moro juntamente com outras 20 questões, alegando que qualquer denúncia envolvendo Temer deveria ser investigada pelo STF, e não em Curitiba, já que ele tem foro privilegiado.

Com Agência Brasil