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Lava Jato também buscava informações de Gilmar Mendes na casa de Aécio, diz revista

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A busca a um dos endereços de Aécio Neves em Minas Gerais não mirava apenas o senador tucano. A Lava Jato também buscava informações sobre Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os agentes teriam ordens com o nome do ministro, de acordo com informações da revista Veja.

No grampo realizado nos números de telefone de Aécio Neves, o ministro Gilmar aparece em conversa com o senador tucano. O senador afastado "pediu ao ministro [Gilmar Mendes] para que telefonasse para o senador Flexa Ribeiro (PSDB)", de acordo com relatório policial, para que este seguisse a orientação de voto proposta no projeto sobre "abuso de autoridade". A conversa ocorreu no dia 26 de abril.

Nesta sexta-feira (26), foi divulgado que a Polícia Federal apreendeu no apartamento do senador afastado comprovantes e anotações de depósitos nos quais se pode ver a inscrição "cx 2", segundo relatório enviado ao STF. A PF também levou "uma pasta transparente contendo cópias da agenda de 2016 onde verifica-se agendamento com Joesley Batista” e "folhas impressas contendo planilhas com indicações para cargos federais, com remuneração e direcionamento em qual partido político pertence ou foi indicado", ainda conforme o relatório.

A apreensão de diversos documentos em sacos plásticos, como um papel azul com senhas, ocorreu no 18 de maio no apartamento do senador tucano, na Avenida Vieira Souto, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Já no gabinete do senador afastado, os agentes encontraram “folhas impressas no idioma aparentemente alemão, relativo a Norbert Muller”, que vem a ser um doleiro especializado em abrir contas no exterior para políticos, de acordo com as investigações. 

Nas apreensões, consta, ainda, uma “folha manuscrita contendo dados de CNO (Construtora Norberto Odebrecht)” e um “caderno utilizado para realizar agendamentos, tendo presente Joesley Batista”, anotações citando “ministro Marcelo Dantas”, possivelmente uma referência ao ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que está sob investigação no STF por tentar obstruir as investigações da Lava Jato.

Por meio de nota, o advogado do senador Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, disse lamentar "que citações sem qualquer informação real sobre a que se referem ou mesmo alguma contextualização que permitam o seu devido esclarecimento estejam sendo divulgadas para a imprensa por agentes públicos envolvidos na investigação em curso."

"Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade. O senador Aécio reitera que em toda sua vida pública, nas campanhas de que participou, agiu de acordo com o que determina a lei."

De acordo com o advogado, o senador está à disposição da Justiça para ser ouvido e esclarecer o que for necessário.

O senador tucano foi afastado do mandato pelo ministro Edson Fachin, do STF, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS, na qual Aécio aparece, em uma gravação, pedindo R$ 2 milhões para pagar seus advogados de defesa na Lava Jato. Durante a operação, foram presos a irmã do senador, Andrea Neves, e seu primo, Fred.