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'Le Monde': Mobilização enfraquece, mas problemas de Temer aumentam

Jornal francês diz que presidente vive momento tenso com seu partido

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A edição desta segunda-feira (22) do jornal Le Monde traz uma matéria sobre as manifestações contra o presidente do Brasil. O texto afirma que embora mobilizações tenham sido menores do que anteriores, parece que Michel Temer está cada vez mais encrencado.

Nem a chuva e o frio conseguiram impedir Luan, 28, de levantar no domingo, 21 de maio Avenida Paulista, em São Paulo, para exigir a saída do presidente Michel Temer, alvo uma investigação pelo Supremo Tribunal por "corrupção passiva", "obstrução da justiça" e "participação em uma organização criminosa." "Eu estou aqui para exigir [...] novas eleições", defende o professor de história.

"Contra Temer, há evidências, contra Lula não", defendeu o professor. "Eles são todos corruptos, todos eles devem ir para cadeia,diz João Batista Paes de Barros, professor em São Paulo.

Monde relata que quatro dias depois da tempestade desencadeada pela revelação de um áudio comprometedor, sugerindo que Michel Temer teria comprado o silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que foi condenado em março a quinze anos de prisão por corrupção, o Brasil foi novamente ás ruas.

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O Presidente luta contra o tempo

Em São Paulo, assim como no Rio de Janeiro e na maioria das cidades brasileiras, a mobilização não atraiu grandes multidões. Somente organizações de esquerda chamaram para manifestações, exigindo a organização de eleições diretas, descreve o diário. 

"O clamor popular poderia derrubar Michel Temer, mas imaginar um" Dia de queda da Bastilha "seria uma ideia romântica. O Brasil é demasiado divididos para isso ", comentou Paulo Baia, professor cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em um breve comunicado neste sábado em que ele denunciou uma operação maquiavélica orquestrada por Joesley Batista implicado na investigação anti-corrupção "Lava-Jato" a manipular a gravação, o chefe de Estado exigiu a suspensão da investigação do Supremo Tribunal. Este último deve decidir quarta-feira sobre a possibilidade de continuar a investigação, explica o noticiário.

Até então, o presidente está ganhando tempo. "Com base nos fatos, manter Michel Temer no poder é inaceitável. Mas politicamente é provável  que sobreviva. Ele é inteligente ", diz o cientista político Mathias Alencastro.

A remoção solicitada

Ultra impopular, Michel Temer, membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, centro-direita) , é alvo de vários pedidos de remoção. Um deles vem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), poderosa organização representada em 26 estados brasileiros.

Apesar destas acusações e várias chamadas para renunciar, Michel Temer tenta resistir. O chefe de Estado está lutando para manter o apoio dos seus aliados no Congresso, especialmente o do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB historicamente deixado centro, mas rotulado hoje centro-direita). Sem este apoio, Michel Temer já não teria meios para governar. Seguiria o abandono das reformas estruturais que iniciou e que, hoje, é sua razão de ser.

O PSDB hesita. Romper com Michel Temer seria levantar a bandeira da moralidade. Mas deixá-lo afundar seria mergulhar o país em um novo período de incerteza, tóxico para a sua saúde econômica frágil.

Domingo à noite, um jantar foi planejado no palácio da Alvorada residência presidencial em Brasília, com os principais líderes do partido, para consolidar este apoio foi cancelado por falta de participantes, finaliza Le Monde.

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