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Comissão de Direitos Humanos quer pedir federalização da chacina de Colniza

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Parlamentares da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados que foram em diligência à Colniza (MT), região onde nove trabalhadores rurais foram mortos no último dia 20, vão pedir a federalização do crime.

A intenção, de acordo com o presidente da comissão, Paulão (PT-AL), é que a Polícia Federal assuma o caso, para que a investigação seja feita com mais estrutura e sem pressões locais. “Vamos fazer um relatório e remetê-lo ao Ministério da Justiça e à Procuradoria-Geral da República, solicitando a participação da Polícia Federal”, disse hoje (28) o deputado Paulão, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o deputado, a região de Colniza tem um histórico de grilagem de terra que, no passado, envolvia pessoas com poder econômico e político. Além disso, a polícia local teria pouca estrutura para atuar, por isso a importância de o crime ficar a cargo da Polícia Federal.

Paulão afirmou que a comissão vai pedir também uma audiência com o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Leonardo Goés, e com o governador do Mato Grosso, Pedro Taques, para tratar de titulação de terra aos pequenos trabalhadores de Colniza. Segundo ele, a disputa por terra na região é um problema crônico que, se não resolvido, pode resultar em mais mortes. O deputado ainda cobrou maior atuação do Ministério da Justiça no caso.

Os integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara também fizeram uma audiência pública ontem (27), em Colniza, com moradores e representantes do poder público local. Além de Paulão, viajaram ao Mato Grosso os deputados Nilto Tatto (PT-SP), João Daniel (PT-SE) e Ságuas Moraes (PT-MT).

Os parlamentares não foram ao local das mortes por ser uma região de difícil acesso e eles não dispunham de helicóptero. A comitiva retorna ainda hoje (28) ao Distrito Federal.

Paulão relatou que o clima entre os moradores da região é de medo e na audiência pública realizada pela comissão poucos tiveram coragem de falar publicamente. Segundo ele, para ouvir os moradores foi necessário fazer reuniões reservadas.

O deputado defendeu que é preciso forte mobilização da sociedade e do poder público para dar celeridade à apuração dos crimes e para que se consiga chegar não apenas aos executores, mas também os mandantes.

Os nove trabalhadores rurais foram assassinados por homens encapuzados. Sete vítimas são de Rondônia, uma de Mato Grosso e uma de Alagoas.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), conflitos fundiários são comuns há mais de dez anos na gleba onde ocorreram as mortes, com registros de assassinatos e agressões. A CPT informou que investigações policiais feitas nos últimos anos têm apontado que “os gerentes das fazendas na região comandavam rede de capangas para amedrontar e fazer os pequenos produtores desocuparem suas terras”.