A versão impressa do jornal francês Le Figaro trouxe em sua edição desta segunda-feira (27) uma matéria de página inteira sobre as práticas de corrupção inescrupulosas da Odebrecht.
O noticiário descreve o esquema de milhares de dólares de propina pagos pela construtora brasileira para obter contratos em vários países da região e questiona até que ponto esses escândalos colocam em risco a estabilidade política no subcontinente americano.
Le Figaro conta detalhadamente a forma como a Odebrecht participou do financiamento de campanhas e políticos de onze países latino-americanos, num montante estimado em US$ 1 bilhão de propinas.
De acordo com o noticiário nove países são apontados em gráficos ao lado das somas pagas: México (US$ 10,5 milhões), República Dominicana (US$ 92 milhões), Guatemala (US$ 18 milhões), Venezuela (US$ 98 milhões), Colômbia (US$ 11 milhões), Panamá (US$ 59 milhões), Peru (US$ 29 milhões), Brasil (US$ 349 milhões) e Argentina (US$ 35 milhões). Ficam de fora da ilustração somente Cuba e Equador.
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Figaro apresenta em seu texto o departamento de Operações Estruturadas, o setor de propinas da Odebrecht. Conta que ele "atuou de maneira clandestina durante mais de uma década, para financiar a corrupção em grande escala".
O periódico diz que após o governo Dilma ser substituído por um igualmente comprometido, a começar pelo presidente Michel Temer, por boa parte de seus ministros, além dos presidentes da Câmara e do Senado, passando pela cúpula do PSDB, com os senadores Aécio Neves e José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, os políticos brasileiros estão momentaneamente protegidos pela lentidão da Justiça e o excesso de trabalho no Supremo Tribunal Federal (STF).
Le Figaro finaliza apontando que existe um intervalo precioso para o Congresso articular uma anistia para delitos financeiros ligados às campanhas.
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