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'Forbes': Investidores analisam possibilidade de Lula vencer em 2018

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Matéria publicada nesta quinta-feira (24) pela Forbes conta que após quase três anos de recessão a economia brasileira está crescendo novamente. Nada de muito significativo, mas sair da taxa negativa já anima os investidores. 

O mercado de ações do Brasil, medido pelo fundo iShares MSCI Brasil (EWZ), subiu 20% este ano. Nenhum país pode fazer melhor para Wall Street, avalia Forbes.

"Eu recomendo que parem de questionar se o Brasil vai crescer ou não, porque já estamos crescendo", disse Sergio Rial, presidente do Santander, ao jornal Folha de São Paulo na terça-feira (22). 

"O que temos de perguntar a nós mesmos agora é se esse crescimento é suficiente e de onde vem", disse ele.

Existe uma faísca de preocupação lá fora que tem menos a ver com o aumento dos preços dos títulos brasileiros e mais a ver com a conversa de Luiz Inácio Lula da Silva retornando ao poder em 2018. Lula é em grande parte visto por muitos como o comandante por trás do terrível escândalo da Petrobras. O Partido dos Trabalhadores que ele criou foi golpeado pelos eleitores em outubro. Ainda assim, Lula não pode ser descartado como um forte candidato á presidência em 2018. Ele é, de longe, a maior estrela política do Brasil. E na era dos cultos de personalidade movidos pela mídia, mesmo sendo um herói ultrapassado, ele pode retornar... e vencer. Suas chances parecem melhores do que nunca, de acordo com Rial do Santander.

> > Forbes As Brazil Economy Finally Starts Growing, Investors Worry About Lula 2018

Por outro lado, Mike Reynal, gerente de fundos da Sophus Capital em Des Moines e um investidor brasileiro de longa data, pensa que seria ruim para a economia um retorno de Lula em 2018. 

"Uma nova presidência de Lula seria manchada de lembranças de corrupção, má administração e burocracia judicial ligadas à presidência de Dilma", diz Reynal. 

"Uma vitória de Lula levaria a uma subida do risco soberano. Seríamos definitivamente mais céticos". O Brasil elevou seu grau de investimento na era Lula e perdeu na gestão de Dilma.

"O mercado já está especulando que o Brasil pode obter crédito quando aprovarmos a reforma das pensões", diz Fernando Bergallo, diretor da FB Capital em São Paulo. 

"A reforma das pensões é a próxima grande política a seguir no Congresso. Uma vitória de Lula acabaria com tudo isso. Sem dúvida, Lula seria um desastre para as finanças do país, e traria pânico para os mercados financeiros assim que os investidores começassem a acreditar na vitória de Lula", diz ele.

Lula, o metalúrgico que representou as classes trabalhadoras do Brasil quando concorreu e ganhou dois mandatos a partir de 2002, para muitos foi o "sonho brasileiro" encarnado.

Forbes recorda que ele presidiu um período notável na história do Brasil, não visto desde os chamados anos milagrosos da ditadura na década de 1970. A inflação entrou em colapso, as taxas de juros caíram, os preços de todas as principais commodities que o Brasil dominou - da soja ao minério de ferro - subiram na demanda chinesa e o desemprego caiu. As trabalhadoras domésticas, cujo futuro parecia relegado à servidão, conseguiram empregos em empresas e shoppings. Ele foi louvado pelo mundo. Mas quando o super-ciclo de commodities terminou, Dilma não pôde continuar com essas políticas. O governo estava ficando sem dinheiro. De fato, vários estados brasileiros têm um ranking de crédito pior do que o da Venezuela, o estado mais frágil da América do Sul.

"O ciclo de commodities ajudou os pobres, mas isso não é o que os pobres acreditam, acreditam que Lula os tirou da pobreza e agora as commodities estão subindo novamente", diz Fernando Pertini, CEO da Millenia Asset Management International no Panamá.

"Isso não mudaria nossa visão sobre o Brasil, as estrelas estão começando a se alinhar em termos de fundamentos", diz ele.

O noticiário afirma que nos anos Lula, investidores assistiram a uma rápida expansão do papel do governo na economia. A Odebrecht, que construiu parte do Aeroporto Internacional de Miami, é agora uma sombra de seu legado. O diretor executivo Marcelo Odebrecht está cumprindo uma pena de prisão de 19 anos.

Se Lula, mesmo sendo investigado por seu papel nos esquemas de enxerto da Petrobras, pode concorrer para o cargo, alguns acreditam que ele tem uma chance séria de ganha. Isto é especialmente verdadeiro se a economia não impressionar. Do ponto de vista da narrativa política, tudo o que ele tem a fazer é parecer um pouco humilde, e garantir aqueles que o apoiaram há anos atrás que a corrupção que aniquilou mais de 70% da capitalização de mercado da Petrobras acabou.

Ele deve comunicar ao Brasil o início de uma nova história. Em vez de "Lula Paz e Amor", seria "Lula Perdoar e Esquecer". Esse poderia ser o seu lema. A eleição presidencial será em outubro de 2018 e não existem candidatos declarados até o momento. 

Até agora Lula é o mais forte candidato. 

"Se ele vencer em 2018, seria um enorme retrocesso na luta contra a corrupção e representaria um declínio bastante significativo na confiança das empresas no Brasil", diz Joao Gabriel Barros, sócio da Libra Energia, uma empresa brasileira Empresa de comércio de energia. 

"Você provavelmente veria fuga de capitais." 

O capital estrangeiro está lentamente entrando no Brasil. Na terça-feira, a multinacional siderúrgica Ternium gastou US $ 1,3 bilhão em um acordo para comprar a CSA, uma produtora brasileira de aço da Thyssenkrupp. 

A moeda brasileira também está se fortalecendo com as esperanças de que o novo governo de Michel Temer vá aprovar um projeto de reforma da previdência pública. O real brasileiro está sendo negociado agora em 3,10. 

Forbes diz que se Lula for autorizados a concorrer e perder, seria provavelmente o Fim do Partido dos Trabalhadores. De acordo com a empresa de pesquisas Datafolha, Lula supera todos na primeira rodada. Mas a maioria dos observadores no mercado pensam algo em comum com relação a Lula: "falem o que quiser sobre Lula, ele é um dos políticos mais qualificados do Brasil".

Quanto à credibilidade política do Brasil, talvez tal coisa não exista em qualquer lugar. Nem a previsibilidade. Em um mundo de Brexit e Donald Trump, não seria nada de tão fabulosso ver Lula ganhando e assumindo o país em 2018, considera Forbes. 

Então, novamente, todo mundo tem um preço. A liquidação acabaria por tornar o Brasil barato demais para ser ignorado e o dinheiro retornaria. Isso vai tirar muito dinheiro da mesa e manter o Brasil dependente de seu mercado local em um momento em que seu mercado local está lutando para encontrar compradores. 

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