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Há interesse da classe política de desconstruir a Lava Jato, diz procurador

Santos Lima reforça que "corrupção está em todo sistema político brasileiro"

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O procurador Regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais negociadores das delações premiadas e leniências da Lava Jato, frisou em entrevista ao Estadão que a "corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, partido B, seja partido C", Ele critica o que chama de "manipulação ideológica" das investigações, que seria a tentativa de apontar uma perseguição política contra um grupo ou outro. 

Questionado se o governo atual manobra para frear a Lava Jato, Santos Lima diz que "nesse governo, ainda não percebemos isso claramente". Recentemente, Moreira Franco foi nomeado para a Secretaria-Geral e ganhou foro privilegiado. Apelidado de Angorá na planilha da Odebrecht, ele foi citado mais de 30 vezes na delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira. Outros ministros também estariam na mira dos investigadores da Lava Jato, como Eliseu Padilha e José Serra.

"Mas não temos dúvida que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir a operação, isso sabemos", pondera o procurador.

Sobre a nomeação do ministro Alexandre de Moraes, o procurador da Lava Jato fala sobre ele como um "jurista capaz", e destaca que ele fez uma visita à força-tarefa logo no início de sua gestão no Ministério da Justiça. "E durante o período no Ministério da Justiça não vi nenhum efetivo problema de intervenção na Lava Jato. Então tenho por ele o maior respeito", comentou Santos Lima.

O procurador acredita, contudo, que há risco prescrição e impunidade ao final das investigações. "O doutor Edison Fachin (que assumiu a relatoria da Lava Jato, no STF) é uma pessoa extremamente bem conceituada. Então não temos problema", disse. "O que acho que vai acontecer, e espero que não aconteça, é que vai haver uma sensação de frustração."

- Confira a entrevista na íntegra