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'Le Monde': Morte de Teori revela "teoria da conspiração"

Jornal francês analisa como acidente pode atrapalhar Lava Jato

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Sergio Moro foi um dos primeiros a chegar ao funeral de seu colega, em Porto Alegre. Triste e ansioso, o juiz brasileiro descreveu o falecido como "um verdadeiro herói", afirma o Le Monde em matéria publicada nesta segunda-feira (23). 

A morte acidental de Teori Zavascki, 68 anos, juiz da Suprema Corte e relator da investigação "Lava Jato", aprofunda ainda mais a crise política do Brasil. O jornal francês questiona: A morte de Teori pode prejudicar a investigação que estremece Brasilia?

> > Le Monde Au Brésil, mort d’un juge anticorruption qui instruisait l’enquête « Lava Jato »

O diário fala sobre as teorias em torno da morte do magistrado. No final de 2016, as delações de um ex-funcionário da Odebrecht já havia vazado na imprensa, sugerindo que o atual presidente teria recebido dinheiro para financiar campanhas de seu partido (PMDB).

"Michel Temer recebe um indulto que poderia perturbar o seu mandato", observa o cientista político Mathias Alencastro, que descreveu alguns meses atrás o chefe de Estado de "presidente zumbi". 

Em estado de choque e descrença, o Brasil se deixa seduzir pelas teorias na consipração em torno do morte de Teori. A imprensa internacional lembra que a "Lava Jato" é muitas vezes comparada com a "mãos limpas", na Itália, onde o juiz Giovanni Falcone foi assassinado, em 1992. Embora todos saibam do mau tempo durante o voo, a mídia brasileira também relata que o filho do falecido confirma que seu pai estava recebendo ameaças de morte. Em redes sociais, alguns usuários estão aconselhando que o juiz Sergio Moro tome cuidado.

Monde acrescenta que a morte súbita do magistrado poderia mudar o curso da história da maior investigação contra a corrupção no país.

O futuro dependerá em grande parte do sucessor de Teori Zavascki no Supremo Tribunal. Le Monde pergunta: Quem será?  Existem "duas regras em conflito", diz Daniel Vargas, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

"A primeira é que o sucessor do magistrado deve ser nomeado pelo presidente Michel Temer. Mas esta hipótese cheira mal já que o chefe de Estado é um dos suspeitos Lava Jato. A segunda opção, mais plausível e aceitável para a opinião pública, é que a presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lucia, redistribua o processo de Zavascki entre seus colegas", diz Daniel Vargas.

Seja qual for o resultado do processo, a trágica morte de Teori Zavascki atrasa a operação em um momento em que o Brasil aguardava por revelações importantes sobre o escândalo, através das delações de Marcelo Odebrecht e seus funcionários. Monde conclui avaliando que o conteúdo destas investigações ameaçam os políticos mais poderoso do país, incluindo o presidente Michel Temer.