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'Le Figaro' critica autoridades do Brasil diante crise dos presídios

Reportagem diz que governo foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres

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O jornal francês Le Figaro publicou nesta segunda-feira (9) uma matéria sobre a gestão do presidente Michel Temer diante das violentas rebeliões nos presídios. 

Le Figaro  diz em seu título, que quase cem presos foram mortos no Brasil "e as autoridades nem se comovem". O texto critica abertamente o presidente Michel Temer, dizendo que ele "só rompeu o silêncio para falar dos massacres depois que o papa Francisco fez orações para os presos e acrescenta: "no sábado (9), Temer foi até a casa da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, para se redimir". 

O texto elogia a rapidez com que Cármen Lúcia reagiu à crise, visitando juízes da região logo após a rebelião de Manaus, mas nota com ironia que ela precisou recordar que eles também são responsáveis pela superlotação nas prisões.

O jornal chama de "desastrosa" a gestão da crise pelas autoridades e acrescenta que os presídios brasileiros se tornaram uma fonte de recrutamento fácil para os narcotraficantes, que oferecem proteção e serviços aos detentos expostos às carências do Estado. 

> > Le Figaro Guerre des gangs au Brésil : près de 100 prisonniers tués

Desde outubro, os governadores locais pediram ajuda federal com urgência e alertaram a respeito dos riscos de implosão. Mas a resposta negativa do ministro da Justiça, e ainda um mês mais tarde, foi o primeiro erro do governo na gestão desastrosa dessa crise", observa o Le Figaro.

O jornal relata que "a mídia brasileira tem exibido imagens de uma violência indescritível: um banho de sangue, com corpos carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados". 

Le Figaro destaca que governo foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres. As mortes nas prisões do norte do país são fruto da guerra de gangues pelo controle nacional do narcotráfico, protagonizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e aliados locais do CV (Comando Vermelho), criado no Rio de Janeiro, explica o Le Figaro. 

O jornal lembra que a carnificina acontece na Amazônia, uma região de fronteira com o Peru, a Colômbia, a Venezuela e a Guiana. O Brasil é apontado como "uma etapa na rota dos países produtores de cocaína para a Europa".

Para encerrar, Le Figaro cita a série de declarações absurdas de autoridades, inclusive as que levaram à demissão do secretário da Juventude, Bruno Júlio, filiado do PMDB. Ele afirmou que 'tinha era que matar mais' e 'fazer uma chacina por semana' nas penitenciárias.