A remoção de Dilma Rousseff não acabou com os escândalos de corrupção do Brasil, como pode se observar com a remoção do presidente do Senado, Renan Calheiros.
O segundo homem mais importante do país foi suspenso das suas funções na segunda-feira, dia 05 de dezembro, conta o texto do jornal francês Le Monde em uma longa matéria publicada nesta terça-feira (6).
A decisão do Supremo Tribunal Federal é o episódio mais recente da complexa novela da Petrobras, que desde 2014 se soma a crise institucional provocada pelo processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
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Lava Jato, um vasto esquema de corrupção descoberto em 2014
Em março de 2014 o Brasil deu início a operação "Lava Jato", literalmente "expressando lavagem de dinheiro". Este vasto escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, como alvo de um organizado cartel que se beneficiava de grandes contratos públicos, com pagamentos de subornos a vários partidos políticos. O Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão envolvidos, e levanta-se suspeita de uso do dinheiro para financiar campanhas eleitorais. Mas o escândalo afeta outros partidos, incluindo o PMDB, acrescenta o Monde.
Dilma Rousseff foi deposta em nove meses
A presidente Dilma Rousseff, que sucedeu Lula em 2010 e foi reeleito em 2014, não é diretamente acusado de corrupção pela justiça. O escândalo da Petrobras não foi diretamente ligado à sua queda.O impeachment iniciado em dezembro de 2015, por causa de suas manobras no orçamento culminou com sua deposição em agosto.
Efeito dominó
O presidente do Senado, Renan Calheiros, um aliado do presidente Michel Temer e o número dois na ordem de protocolo de sucessão, é o mais recente político a sofrer os efeitos da tempestade Petrobras.
Uma crise institucional que paralisa reformas
Em poucos meses, os três membros com mais autoridade no país foram removidos: Presidente Dilma Rousseff foi deposto, o Presidente da Câmara dos Deputados foi preso e o do Senado acaba de ser suspenso. O escândalo Lava-Jato mostrou que a corrupção não é uma prerrogativa do Partido dos Trabalhadores, e sim toca os principais partidos políticos.
O desafio é imenso para o presidente, Michel Temer, que é muito impopular no Brasil. De fato, diante da grave crise econômica vivida pelo país, ele segue defendendo a reforma das pensões e o congelamento dos gastos públicos por vinte anos. A crise institucional irá inviabilizar a adoção de tais medidas corretivas, analisa o Le Monde.