Ao que tudo indica a Operação Lava Jato vai chegar ao Corinthians. Durante delação premiada, Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empreiteira que leva seu nome afirmou que o estádio do clube paulista, palco da abertura e de uma das semi-finais da Copa do Mundo de 2014, foi construído como uma espécie de presente ao ex-presidente Lula, torcedor fanático do Corinthians.
De acordo com Emílio, a construção do Itaquerão foi uma retribuição às supostas ajudas que Lula deu ao grupo durante os oito anos em que o político foi presidente do país. Entre janeiro de 2002 a janeiro de 2010. A defesa do ex-presidente Lula nega a acusação, e diz que a Operação Lava Jato está trabalhando em cima de especulações conquistadas após delações.
"A Lava Jato não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra Lula. Na ausência de provas, trabalha-se com especulações de delações. Se a delação já não serve para provar qualquer fato, a especulação de delação é um nada e não merece qualquer comentário", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que cuida da defesa do ex-presidente Lula, em nota.
Popularmente conhecido como Itaquerão, em alusão ao bairro
de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, onde foi erguido a Arena Corinthians,
foi construída pela Odebrecht. As obras duraram cerca de três anos, entre 2011 e
2014, quando foi palco da partida de abertura da Copa do Mundo de 2014. O
projeto custou R$ 1,2 bilhão, quase 50% acima do orçamento inicial, de R$ 820
milhões.
Os custos da obra foram financiados através de recursos do BNDES (R$ 400 milhões), empréstimos de bancos privados e títulos autorizados pela Prefeitura de São Paulo (R$ 420 milhões). Na época das obras, o prefeito da capital paulista era Gilberto Kassab (PSD).
A expectativa é que a arena arrecadasse R$ 112 milhões no último ano, mas conseguiu arrecadar apenas R$ 90 milhões. Caso as receitas se repitam nos próximos anos existe a possibilidade do Corinthians perder o estádio para a Odebrecht, segundo item que consta no contrato do clube com o fundo que administra a arena.
Na época da construção da Arena Corinthians, o presidente do clube era o atual deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), que disse em entrevista dada em 2011 à revista “Época” que Emílio e Lula haviam participado do projeto financeiro do estádio: "Quem fez o estádio fomos eu e o Lula. Garanto que vai custar mais de R$ 1 bilhão. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht".
Emílio é pai de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, preso desde junho de 2015 e condenado a 19 anos de prisão. Por pressão do pai, Marcelo e outros 80 executivos do grupo decidiram realizar delações com o intuito de salvar o grupo da falência, que passou a ter problemas de crédito com bancos e acumula uma divida no valor de R$ 110 bilhões.