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Nenhuma delação de Cunha vai atingir o presidente Temer, diz Rodrigo Maia

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (20) que nenhuma delação do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vai atingir o presidente da República, Michel Temer. “Não acredito que nenhuma delação do deputado Eduardo Cunha possa atingir o presidente da República”, afirmou Maia, em entrevista à imprensa no Salão Verde.

Sobre uma possível delação premiada de Cunha, o presidente da Câmara disse não ter nenhum “problema”. “Minha relação com o deputado Eduardo Cunha foi sempre política. Entendo a situação que ele vive. Mas, do meu ponto de vista, ele pode falar tudo aquilo que ele entender que seja importante ele falar”, afirmou Maia.

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O presidente da Câmara negou que a prisão de Cunha possa atrapalhar as votações na Casa. “Não acredito que atrapalhe e que exista algum tipo de influência nas votações da Câmara”.

Maia considerou “triste” a notícia da prisão de Cunha quarta-feira (19) em Brasília, no âmbito da Operação Lava Jato. O pedido de prisão preventiva (por tempo indeterminado) do ex-presidente da Câmara dos Deputados foi emitido pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações da força-tarefa na primeira instância.

“A prisão de um ex-deputado e ex-presidente da Casa nunca é um momento feliz para ninguém. Tenho certeza de que não é um momento feliz nem para os deputados, nem para o Brasil. Esse é um momento de dificuldade que o Brasil vive, mas, pelo menos, temos a clareza de que as instituições continuam funcionando com independência e com a liberdade necessária para tomar suas decisões”, disse Maia.

Eduardo Cunha faz exame de corpo de delito em Curitiba

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, na manhã desta quinta-feira (20), para fazer o exame de corpo de delito. O procedimento é padrão, e foi feito no Instituto Médico Legal (IML) da capital paranaense.

Após o exame, Cunha retornou para a Superintendência da PF. Segundo a PF, Cunha está em uma cela individual, separada dos demais presos da Operação Lava Jato. A corporação informou ainda que não há previsão de tomada de depoimento do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

A prisão de Cunha foi decretada pelo juiz federal Sergio Moro, que acolheu os argumentos da Procuradoria da República segundo os quais o ex-deputado em liberdade representa um "risco" para as investigações. Isso porque, mesmo após ter seu mandato de deputado cassado e perder o foro privilegiado, Cunha permanecia na ponte aérea entre Rio de Janeiro e Brasília, onde participava de reuniões políticas e mantinha influência no Congresso. 

Cunha é acusado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele é suspeito de ter recebido R$ 5 milhões em propina em contas na Suíça abastecidas com dinheiro de contratos de exploração de petróleo na África. No despacho em que decretou a prisão de Cunha, o juiz Sergio Moro disse que há indícios de que o político pratica crimes de forma "reiterada", "profissional" e "sofisticada". 

De acordo com fontes políticas, Cunha já sabia que poderia ser preso pela Lava Jato e se preparou. Ele fez uma lista com informações e nomes de alto escalão. Um dos maiores temores em Brasília é a possibilidade de uma delação premiada. Desde que perdera o mandato de deputado, Cunha vinha se dedicando à sua defesa e a um livro sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a crise política brasileira que pode ser visto como uma espécia de "delação informal". 

Com Agência Brasil