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Governo restringe circulação de jornalistas no Palácio do Planalto

Medida é para evitar polêmicas e desencontros com declarações de ministros

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Os desencontros gerados pelas declarações e atitudes de ministros e o discurso oficial do governo federal estão levando o presidente Michel Temer a tomar algumas medidas polêmicas. A partir desta terça-feira (27), jornalistas ficam proibidos de circular sozinhos no Palácio do Planalto. Um dos objetivos é evitar a abordagem aos ministros nas saídas das reuniões.

Para circular no quarto andar, conforme apurou o Estado de S.Paulo, os profissionais de comunicação terão que ser acompanhados por funcionários da Secretaria de Comunicação. Antes, essa limitação ocorria apenas no terceiro andar, onde fica o presidente da República. No quarto andar ficam os gabinetes de Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).

Em pouco mais de uma semana, dois ministros de Temer colocaram o governo em situação vulnerável. Na semana passada, Geddel Vieira Lima defendeu a anistia para políticos que se envolveram em denúncias de caixa dois em campanhas eleitorais. O projeto de anistia quase foi aprovado na Câmara no dia anterior, mas, por conta de denúncias de integrantes do Psol e da Rede, deputados recuaram na votação. Irritado, Temer usou um superlativo para classificar a opinião de um de seus principais ministros: "personalíssima".

Nesta segunda-feira (26), a prisão do ex-ministro Antônio Palocci na Lava Jato saiu de foco no noticiário, depois de vir à tona um vídeo do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, antecipando para eleitores, em campanha eleitoral do PSDB em Ribeirão Preto, São Paulo, que haveria "mais Lava Jato esta semana". “Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse Moraes, criando um problema institucional, que levou tanto governo quanto a Polícia Federal a negarem o tráfico de informações privilegiadas.

Moraes, que é filiado ao PSDB, foi um dos poucos ministros que se recusaram a passar pelo treinamento de mídia sugerido pela equipe de comunicação do governo assim que Temer assumiu interinamente, em maio, de acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Apesar da bronca que Moraes levou do presidente da República, logo após o episódio, ministros do núcleo duro do governo continuam defendendo que o ministro da Justiça seja demitido.