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Eduardo Cunha dirá em livro que impeachment foi golpe parlamentar

Deputado cassado quer R$ 1 milhão de editora que publicará revelações

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Ressentido por ter sido abandonado na votação da cassação de seu mandato, no último dia 31, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)defenderá, no livro que pretende lançar em dezembro, que o impeachment de Dilma Rousseff foi um "golpe parlamentar". 

Segundo o colunista Lauro Jardim, no jornal O Globo, a ideia de Cunha não é, porém, endossar o argumento de "golpe" como pregam petistas. O ex-deputado sustentará que aconteceu a Dilma o mesmo que ocorreu a Fernando Collor, em 1992, e "com apoio incondicional do PT". O objetivo do ex-presidente da Câmara é, também, provocar o governo de Michel Temer.

A proposta de Cunha é lançar dois livros. O primeiro vai tratar dos bastidores do impeachment, enquanto a segunda edição, com nome provisório de "Delação não premiada", vai abordar história pouco republicanas, como o ex-deputado tem argumentado às editoras para conseguir uma patrocinadora.

Cunha pediu mais participação em livros vendidos que autora de Harry Potter

De acordo com a coluna, Eduardo Cunha recebeu resposta negativa de diversas editoras, mas tem mantido conversas com as editoras Planeta, Geração e Matrix. O ex-deputado pede adiantamento de R$ 1 milhão, algo fora da realidade do mercado brasileiro, e 20% sobre cada livro vendido, um ganho que nem J.K. Rowling, a autora da série do bruxinho Harry Potter, recebe.

Os editores com que o ex-deputado negocia também estão receosos com o fato de que ele não adiantou nenhum material, mas mostrou apenas uma apresentação de quatro páginas do que pretende fazer, e com a possibilidade de que Cunha seja preso, faça uma delação premiada e inviabilize o lançamento do livro, já que as eventuais declarações ao Ministério Público Federal seriam incompatíveis com a obra do peemedebista.

Eduardo Cunha foi cassado na Câmara dos Deputados por mentir na CPI da Petrobras, ao negar a existência de contas em seu nome na Suíça. Seu processo, que teve origem no Conselho de Ética da Casa, foi um dos mais longos na história do Legislativo, em decorrência das inúmeras manobras de aliados do ex-deputado para adiar o julgamento.

Eduardo Cunha também é réu por corrupção e lavagem de dinheiro.